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29 de mai. de 2013

INDICADOR DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL




UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFRGS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL/MEC/UFRGS

Elisângela Martins Rodrigues


INDICADOR DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL
















Porto Alegre (RS)
 2012


Elisângela Martins Rodrigues





UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UFRGS
GEIN- GRUPO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO INFANTIL



CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL/MEC/UFRGS






INDICADOR DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL





Trabalho Avaliativo Final para a Disciplina Infâncias e Crianças na Cultura Contemporânea e nas Políticas de Educação Infantil: Diretrizes Nacionais e Contextos Municipais.
Curso de Especialização em Docência na educação Infantil da Universidade Federal do Rio Grande do sul.


Professoras:
Fabiana Marcello;
Maria Luiza Flores;
Simone Albuquerque.




PORTO ALEGRE
2012


 LISTA DE ABREVIATURAS



CME Conselho Municipal de educação
EMEI Escola Municipal de Educação Infantil
EI Educação Infantil
ECA Estatuto da criança e do Adolescente
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC Ministério de educação infantil
NH Novo Hamburgo
SMED Secretaria municipal de educação


SUMÁRIO
A

RESUMO

Este trabalho traz uma análise de um dos indicadores da qualidade da educação infantil, a saber, a dimensão “Cooperação e Troca com as famílias e participação na rede de Proteção social”, da perspectiva de observação e avaliação da instituição escolar EMEI Branca de Neve, a escola em que exerço docência em uma turma de crianças na faixa etária de dois anos de idade. Avaliação esta, quanto ao respeito e acolhimento das famílias, garantia dos direitos de acompanhar as vivências e produções e a participação da instituição na rede de proteção dos direitos das crianças. Relaciona-se com algumas leis e normativas da EI no sistema municipal de educação e traz um parecer desta instituição de Educação infantil com base em pesquisas realizadas com as famílias e a comunidade escolar. Discute ainda algumas concepções pertinentes as relações entre Escola e familiares das crianças e as funções as quais exercem e representam na vida das crianças que são relevantes para se estabelecer estas relações como fator importante para a qualidade da Educação infantil.

Palavras-chaves: escola, familiares das crianças, qualidade da educação, relação de parceria.





INTRODUÇÃO

 

A Educação Infantil segundo a LDB “tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” ( 1996, art.29). No exercício de nossa profissão de professor, precisamos todos construir uma relação de parceria, escola, professoras, os pais, as famílias e as crianças juntamente com outros setores de serviços públicos (saúde, Conselhos, etc.) a fim de assegurarmos os direitos das crianças enquanto sujeitos que necessitam dos adultos, na educação e proteção (entre outras responsabilidades). Enquanto professores, precisamos contar com o apoio da família de cada criança para que seu desenvolvimento aconteça em um processo de superações e conquistas. Neste processo é relevante o afeto, o respeito, a confiança e a cooperação mútua. E é neste sentido que o MEC apresenta como um dos indicadores da qualidade na Educação Infantil a Dimensão de “Cooperação e Troca com as Famílias e Participação na Rede de Proteção Social”. Esta dimensão está sendo analisada aqui no contexto da Escola em que atuo como docente na faixa etária de dois anos de idade, EMEI Branca de Neve da rede municipal de ensino de Novo Hamburgo.
A escolha pela análise deste indicador deve-se ao fato de que com base na minha caminhada como educadora, concluí que precisamos construir uma relação de parceria entre professores, escola e familiares dos alunos como um dos fatores relevantes para se desenvolver os projetos de aprendizagens, bem como atuarmos em defesa dos direitos das crianças, neste caso, na Educação Infantil. Um dos motivos é o fato de que a criança não é apenas um ser cognitivo (aluno) e necessita de uma rede intercetorial de parcerias que garantam e favoreçam o seu desenvolvimento integral, como, assistência social, médica, etc. Compreender melhor como se dão estas relações de parcerias foi foco de meus estudos no trabalho de conclusão do curso de Docência em Pedagogia, UFRGS, 2010, com o título de “a Relação de Parceria entre Professor e Família como um fator importante no Desenvolvimento de Projetos de Aprendizagens” [1].
Considerando que nem sempre são as figuras de pai e mãe que respondem pelas crianças as questões referentes á escola, mas quem representar esta função nesta relação, ou seja, familiares e outras figuras é que o diálogo, a busca por melhores alternativas para a resolução de possíveis conflitos e superação dos desafios, bem como, definição clara das funções e influências que escola e família exercem no desenvolvimento da criança e a cooperação, contribuem para a construção dessas relações de parceria entre Escola e os familiares das crianças.
Com muita satisfação avalio esta Escola quanto às dimensões “Respeito e Acolhimento” das crianças e familiares, “Garantia do Direito das Famílias de acompanhar as Vivências e produções das Crianças” e “Participação da Instituição na Rede de Proteção dos Direitos das Crianças” como uma instituição que considera fundamental a construção da relação de parceria entre Escola e familiares para desempenhar o papel de coparticipação no desenvolvimento e construção de conhecimentos no processo educativo e em colaboração e “complementação a ação da família e da comunidade” (Art. 29 LDB/96).
Considero nesta análise destas dimensões deste indicador de Qualidade na EI, os documentos orientadores do MEC: Res. 05/09 (DCNEI), Parecer 20/09 da CEB/CNE, Parâmetros Curriculares Nacionais para a EI, LDB/96, Referenciais Curriculares Nacionais para a EI, bem como, Plano Municipal de Educação, Leis, Pareceres e Normatizações Municipais para a educação Infantil no município de Novo Hamburgo. Em uma reflexão teórica- prática do contexto sócio-histórico, das políticas de oferta da EI neste município, as concepções de criança, de infâncias, de Escola, de professor, adulto referência, conteúdo e tempos e espaços que caracterizam esta Instituição Educacional.

















OBJETIVO


A intenção maior deste trabalho é a de apontar as relações entre Escola e pais e/ou familiares dos alunos, bem como a construção de parceria entre estes, nos processos educacionais de desenvolvimento e proteção da criança, como um fator importante nas conquistas e possibilidades que se constroem a partir destas relações de parcerias estabelecidas e, assim, apresentar a avaliação realizada no contexto da Instituição Escolar EMEI Branca de Neve como positiva, atuante na construção de uma Educação Infantil de qualidade onde os direitos das crianças são observados.







1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 

1.1  EMEI Branca de Neve


Possui como recursos humanos uma diretora, coordenadora, 7 professoras, duas estagiárias, uma secretária e quatro funcionárias. Quanto ao atendimento é exclusivo na educação infantil sendo que 56 crianças estão na modalidade creche (2 e 3 anos) e 39 crianças na pré escola (4 anos). Os horários e turnos de atendimento ficam assim organizados:
Horário de funcionamento da Escola: 6h50min às 18h
Turno integral: 7h às 18h
Manhã: 7h30min às 11h30min
Tarde: 13h às 17h.
A metodologia educacional da EMEI Branca de Neve é a de Projetos de Trabalho, pois “a grande flexibilidade do pensamento da criança e seu constante desejo de exploração requerem a organização de contextos propícios de aprendizagem.” (PPP da Escola/99, revisado em 2012, p. 27)                                                                                                                                                                                                                                                                               
Por acreditar que as crianças são capazes, possuem potenciais e desejos e também que a escola é a um lugar rico de oportunidades, busca na metodologia de projetos um caminho para a construção da autonomia moral e intelectual da criança.

1.2 Análise


Construir relações de parceria entre pais, professores e outros setores de serviços públicos e privados no atendimento e busca pelos direitos das crianças depende de vários fatores, entre eles, os objetivos pelos quais a criança foi matriculada na escola. Muitos ainda vêem a educação infantil como assistencialista, seja porque a mãe esta no mercado de trabalho e não tem com quem deixar o filho, seja porque têm na escola as condições necessárias de cuidado, alimentação e mensalidade que se encaixa na renda da família, etc. Cito também o fator histórico cultural onde ainda no final do século IX e início do século XX, a escola possuía caráter obrigatório.  Sendo assim a criança recebia uma educação cívica, higiênica, disciplinar e aprendia uma língua nacional que não era a falada na família. É muito recente algumas concepções de participação e envolvimento com as instituições educacionais por parte da sociedade como um todo. Ainda estamos construindo alguns conceitos como: gestão democrática, comunidade escolar, infâncias, instituição escolar pública, professor de educação infantil, educação infantil, etc. Historicamente, muitas pessoas ainda não veem a escola, os professores, a comunidade escolar e a própria educação, como uma relação e história que devem ser construídas por todos os envolvidos, os pais, alunos, professores, enfim, toda a comunidade escolar. Acredito que ainda devemos buscar compreender o significado de a Escola ser uma instituição pública (de todos e para todos). As Diretrizes Curriculares Nacionais para a EI (2010, p. 7) observa que “o campo da EI vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento da criança”.

1.3 A luz dos documentos


Os indicadores da qualidade da EI (2009, p. 55), ressalta a importância da Escola e familiares das crianças participarem da “chamada Rede de Proteção aos Direitos das Crianças” em uma articulação entre os serviços públicos, de saúde, de defesa dos direitos, etc., afim de que a sociedade contribua para que “as crianças sejam sujeitas de direitos” conforme o ECA.
Avalio a EMEI Branca de Neve quanto às dimensões citadas como uma Instituição Escolar que respeita e acolhe as crianças, familiares e a comunidade em que está inserida. Em todas as decisões a serem tomadas e que se referem à escola, são realizadas reuniões com os pais, professores e sempre que necessário à comunidade também é chamada a participar. Um exemplo disso é a Escola ter ganhado o primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo nas suas demandas no Orçamento Participativo de NH com a participação ativa da comunidade. Outro destaque importante é a atenção especial pelo qual a escola organiza o período de adaptação das crianças. Os familiares mostram-se seguros e valorizados em suas posições consideradas pela equipe diretiva e professores em uma gestão democrática. Observo que os profissionais que trabalham nesta Escola sentem-se também respeitados pessoal e profissionalmente[2].
No entanto, os critérios para matrículas das crianças na escola deixam a desejar, pois são estabelecidos pela SMED e como toda a rede de ensino ainda precisam estruturar-se de forma a ampliar o atendimento e vagas na EI, segundo a radiografia da EI no RS, análise do desempenho 2009/2010, o Município de NH atende apenas 17% da população de crianças. No entanto, sempre que necessário os familiares das crianças com necessidades educativas especiais são orientados a buscar atendimento especializado, auxiliados em suas buscas e a conhecer seus direitos bem como de seus filhos. A inclusão na rede pública municipal é fundamentada no Parecer 20/2007, título 4, item c,  o qual Estabelece condições para a oferta da Educação Infantil no Sistema Municipal de Ensino de NH quando diz que “a educação, em todos os níveis deve ser inclusiva e social” e que cabe ao educador estabelecer os recursos pedagógicos e didáticos para atender os alunos com atenção especial aos que demonstram desempenho diferente. Acredito que é uma menção muito abrangente e generalizada deixando a desejar suas especificidades e contextualizações, tal a importância de uma educação inclusiva de qualidade. Já a Lei nº 1036 a qual dispões sobre a reserva de 10% das vagas que devem ser reservadas a crianças portadoras de necessidades especiais que diz que o atendimento será feito por profissionais capacitados, mais uma vez nada conclusivo e especificado de forma clara, pois na realidade profissionais sem formação e capacitação específicas atuam na educação inclusiva desta rede de ensino. Já o PME, página 37, item t, traz como objetivos e metas a educação inclusiva a ser promovida em parceria com as secretarias da saúde e Assistência Social. O Sistema Municipal de ensino é instituído pela Lei nº 1353 onde o capítulo IV trata da Educação Especial, do art. 25 ao art. 27 conceitua sua concepção, diz que as crianças receberão apoio especializado e atendimento específico quando não for possível a integração destas crianças na rede regular de ensino, assegurando currículos e métodos especiais, terminalidades específicas, professores com especialização em nível médio ou superior e educação e acesso igualitário as outras crianças a benefícios dos serviços públicos e que o poder público assegurará preferencialmente o atendimento as crianças na rede regular de ensino. Mas, particularmente acredito que nem os cursos de magistério, nem tão pouco os de formação para professores em nível superior atendem em seus currículos as especificidades da EI, muito menos da educação especial com a profundidade e complexidade que deveriam. Cada vez mais os professores deparam-se com uma realidade em suas práticas docentes em que são necessários força de vontade para estudar “por conta”, para realizar um trabalho de qualidade. E, ainda precisam lutar por uma educação de qualidade muitas vezes contra o próprio sistema educacional vigente.
Ainda na Escola observada, acredito ser bem positivo o fato de que as reuniões com a comunidade escolar são frequentes (no mínimo uma vez por mês) e as famílias são orientadas quanto à metodologia, critérios de avaliação e registros das vivências das crianças no cotidiano escolar. A escola apresenta projetos inovadores e é referência na mídia como exemplos positivos, um dos fatores pode ser o fato de que os professores na sua maioria possuem formação superior e especialistas em educação, assim como uma equipe diretiva que incentiva a formação continuada e ampara estruturalmente os professores nas demandas para construir uma educação de qualidade.   
Os casos de negligência dos direitos das crianças enquanto sujeitos de direitos sociais, a escola toma as devidas providências como contatar as famílias acompanhando a frequência das crianças, investigando e procurando compreender as razões das faltas, encaminhando os casos, quando necessários ao conselho tutelar. Assim também quando há suspeitas de violências, exploração, etc. Nos casos de doenças infecciosas a escola acompanha e orienta as famílias nos procedimentos adequados a serem tomados comunicando ao Sistema Municipal de Saúde. Porém o que acredito faltar na escola é um atendimento em sala de recursos multifuncionais as crianças com deficiências e necessidades de atendimento educacional especializado, tornando-se muito lento este atendimento na rede pública devido a grande demanda e poucos recursos no sistema da rede municipal.


1.4 Histórico da Comunidade Escolar


Segundo registros no PPP, a escola EMEI Branca de Neve existe hoje devido a necessidade dos moradores do Bairro Rincão ter uma área de lazer, o prefeito da época, inaugurou no dia primeiro de maio de 1981 o Parque do Trabalhador, conhecido pela comunidade como “Buraco do Raio”. Este nome justificava-se pela crença de que um raio havia caído no local, formando um buraco, hoje não é visível, ficando uma área verde sobre o local. O responsável pela administração do parque na época juntamente com a comunidade, preocupou-se então em fazer do parque não somente uma área verde, mas também um local onde a população do bairro tivesse assistência médica e odontológica e pudessem deixar seus filhos para trabalhar. Fundou-se assim, um centro social dentro do Parque do Trabalhador.
A Administração Municipal em parceria com clubes sociais da época, resolveram instalar uma Casa da Criança dentro do Parque, para satisfazer as necessidades da comunidade, que seria um centro social completo com recursos financeiros do próprio município, sem qualquer participação de órgãos estaduais.
Em 06 de junho de 1981 foi inaugurado pelo prefeito a Casa da Criança, no parque do Trabalhador, estando presentes no ato a Secretaria Municipal de Saúde e Ação Social, o presidente da Orbis Clube, o administrador do Parque e pessoas da comunidade, prestigiando este grande evento que foi noticiado em jornal e rádio.
 Mais tarde, a Casa da Criança recebeu o nome de Creche Municipal Branca de Neve, por uma norma estipulada na época de que todas as creches deveriam ter nome de fábulas, não se atendo a nome de pessoas.

 

1.5 Perfil da Criança da EMEI Branca de Neve[3]


As crianças matriculadas na EMEI Branca de Neve possuem um perfil em que a maioria dos alunos tem uma vida financeira estável, onde moram em casa própria, com seus pais (pai e mãe), com empregos formais de carteira assinada, tem família relativamente pequena com poucos irmãos (um ou dois), cuja religião divide-se em católica e evangélica e as participações em algum grupo social se restringe à igreja e eventos familiares. Os pais são jovens e com poucos anos de casamento, dois últimos dados são baseados na nossa observação, nos sentimos seguros em fazer algumas observações porque os conhecemos como pais de nossos alunos. Percebemos que os pais que demonstram insegurança com relação à escola, são os pais de crianças em que é o primeiro ano de vida escolar de seus filhos. Esta insegurança está baseada em experiências vivenciadas por eles mesmos na infância ou por parentes e conhecidos, pois no máximo há pouco mais de uma década atrás, a Educação Infantil ainda era vista como assistencialista, muitas vezes as educadoras eram “tias” com pouca ou quase nenhuma formação. Ainda é muito recente a ideia de que Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica. Somente com a Constituição de 1988 é que a educação de zero a seis anos é entendida com uma conotação educativa. É na lei de Diretrizes e Bases/1996 que a Educação Infantil deixa de ser tratada como assistencialista para adquirir o conceito educativo.
 Percebemos ainda que a maioria dos pais demonstra deixar seus filhos na escola porque precisam trabalhar e não têm com quem deixar as crianças. Os pais que demonstram matricular seus filhos na escola com a intenção de que eles tenham uma educação em complementação com a familiar e de suas funções, aliás, consciente de suas funções, estão mais abertos ao diálogo e a construir uma relação de parceria com os professores na vida escolar de seus filhos. Ainda é possível se perceber traços de cultura, diríamos pejorativa do verdadeiro papel da escola na formação e desenvolvimento das crianças, nas respostas das entrevistas com os pais dos alunos. Quando esperam, na maioria dos entrevistados, que a escola eduque seus filhos para que sejam homens de bem (valores) e, que ensinem a se comportar de forma disciplinada. Quando se questionou de que forma escola pode ajudar as famílias e vice-versa, responderam na maioria que os pais ajudam indo nas reuniões e pagando a mensalidade espontânea ou ajudando nas ações da escola em angariar fundos. A maioria dos pais parece desconhecer totalmente o verdadeiro papel e formação dos professores na educação infantil. Acreditamos que esta consciência ou falta de é resultado de uma cultura, pois até mesmo pessoas intelectualmente admiráveis, demonstram às vezes, não ter claro a concepção de educação infantil segundo a LDB/96 e outros documentos normatizadores da EI.
Quanto às crianças possuem como uma de suas principais características o envolvimento com as propostas apresentadas. Participam da maioria das situações que favorecem as aprendizagens com alegria e disposição, desenvolvendo-se e construindo seus conhecimentos.
Demonstram um desenvolvimento saudável, muita energia, pulam, correm e às vezes querem mover-se mais rápido do que sua capacidade de locomoção. A linguagem mostra-se clara para alguns e outros em processo de aquisição e construção.
Mostram-se carinhosos, afetivos, às vezes ansiosos e expressam os seus sentimentos e emoções. Fazem acordos e combinações e já percebem a necessidade das regras, contudo faz-se necessário retomá-las seguidamente.
Esta Escola tem como objetivo envolver os alunos nas questões da valorização do meio ambiente. Possui um projeto institucional focado nas questões ambientais, motivando a todos a se integrarem no processo da educação para a sustentabilidade.
São muitas conquistas e experiências importantes que marcam as vivências na Escola. A cada dia as crianças mostram-se mais inseridas: conhecendo, brincando e se relacionando; percebendo que a Escola pode, e deve ser um espaço de aprender e de ser feliz!






2 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Para se estabelecer esta relação de parceria tão importante entre pais e professores a escola desenvolve estratégias com ações tais como: 
Segundo Micheli (2007), a criança é quem mais será influenciada com a relação de parceria entre os pais e a professora. Acredito que este é um dos fatores, pelo qual esta escola, consegue estabelecer esta parceria com as famílias.
Acredito que na educação Infantil, as crianças dependem bastante dos adultos por estarem em fase de construção da linguagem, por exemplo, família e escola precisam ainda mais estabelecer esta relação de parceria. Percebo que nesta escola os professores possuem uma prática de transmitir aos pais, seus objetivos bem como as reflexões teóricas e práticas com relação às ações pedagógicas realizando um trabalho em conjunto num processo de parceria.
 Observo também uma relação de confiança com os familiares que respondem pelas crianças nas questões relacionadas à Escola. Os professores criam situações de atenção individualizada, como por exemplo, as conversas na chegada e saída da Escola. Os familiares não demonstravam “ter muito tempo” para dispor, deixam e buscam as crianças na escola rapidamente, sempre “na correria” do dia a dia.  
Acredito que fatores como as influências sócio-históricas, as experiências particulares com as creches e os motivos pelos quais os pais matriculam as crianças na escola, influenciam nas relações. Quando estes se apresentam de forma negativa, cabe a nós professores mudar estas concepções através de ações que conquistam a confiança e respeito dos pais.
A Educação Infantil na condição de instituição familiar ou escolar promove além dos cuidados específicos a cada faixa etária da criança, a formação de sua personalidade. É fundamental que as funções de professores e familiares sejam integradas e definidos claramente os papéis de cada um e juntos construir uma parceria que visa o desenvolvimento integral das crianças e a observação de seus direitos.
A participação das famílias nas tarefas solicitadas pelas professoras, os diálogos com os familiares são valorizados nesta Escola para juntos, proporcionar às crianças, vivências que auxiliam na construção das relações com o próprio corpo, com os outros e com o ambiente. À medida que os professores dialogam com as famílias, estes passam a ver as crianças em formação e não mais como “uns bebês”, facilitando, assim, o desenvolvimento da autonomia colocando-os como interlocutores nos diálogos e a considerá-los como indivíduos nas inter-relações. Quando é necessário mudanças de hábitos e atitudes familiares, por exemplo, os familiares são lembrados diariamente.
 Nos eventos e projetos em que se conta com a colaboração dos familiares, estes se fazem presentes como o da Páscoa, o rodeio crioulo (ensaio das trovas em casa com as crianças), recepção nas casas para as entrevistas, dia das mães (presente para as mães), autorização para saídas e passeios pedagógicos, envio das frutas para a salada de frutas na escola, comprometimento em devolver os livrinhos regularmente (projeto da biblioteca), participação nas oficinas em comemoração ao aniversário da escola, dia da família na escola e outros. O que pode favorecer as ações que possuem como centro de interesses a criança é todo um contexto o qual fazem parte o meio, as condições, circunstâncias e possibilidades oferecidas pelos adultos. Familiares e professores, são os mediadores e diante das dificuldades que surgem juntos discutem as formas para a superação dos limites e desafios.
Observo também uma sensibilidade de constatar possíveis problemas na relação dos pais com a criança ou problemas dos próprios familiares que são atribuídos à criança. Na medida do possível, a escola estabelece parcerias com outros profissionais em outras áreas dos conhecimentos, como, por exemplo, psicólogo, fonoaudiólogo, dentista, etc. Quando os pais percebem o interesse dos professores ou até mesmo da Escola como um todo em querer desenvolver um trabalho com vista no melhor para a criança, demonstram querer comprometer-se mais para compreender como podem auxiliar seus filhos. Percebo isso à medida que são solicitados a cooperarem nas atividades desenvolvidas e no retorno aos pais das conquistas e pontos positivos.
No entanto, com base em minhas experiências, é sempre possível haver na Escola crianças as quais os pais e familiares não exercem suas funções, cuja relação de parceria não seja estabelecida, acredito que o professor necessite buscar outras parcerias com outros profissionais, dentro e fora da escola, definir outras estratégias de ações para que a criança seja atendida nas suas especificidades.
 



REFERÊNCIAS


BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares nacionais da educação infantil. Parecer 20/09 e resolução 05/09. Brasília, MEC, 2009.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, 2009.
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. , Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília : 1996.
BRASIL/MEC/SEB. Indicadores de qualidade na Educação Infantil. Brasília, MEC/SEB, 2009.
BRASIL/MEC/SEB. Política de educação infantil no Brasil: Relatório de avaliação. Brasília: MEC, SEB; UNESCO, 2009.
BRASIL/MEC/SEB. Práticas cotidianas na Educação Infantil: bases para reflexão sobre as orientações curriculares.   Projeto de Cooperação Técnica MEC / UFRGS para Construção de Orientações Curriculares para a Educação Infantil.  Brasília, MEC/SEB/ UFRGS, 2009
BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 2006.
BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 2006.
BRASIL/MEC/SEF. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de 0 a 6 anos à Educação. Brasília, MEC/SEF, 2005.
CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO. Consulta sobre qualidade da educação infantil: o que pensam e querem os sujeitos deste direito. São Paulo, Cortez,2006
CAMPOS, M. M. &  ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1995.
CAMPOS,M.M., FULGRAF,J, e WIGGERS,V. Qualidade na Educaçao Infantil Brasileira. Cadernos de Pesquisa. V.36, n127, p.87-128, jan/abr, 2006.
BRANCA DE NEVE. Escola Municipal de Educação Infantil. SMED, Novo Hamburgo. Projeto Político Pedagógico. Decreto da Criação Nº 420/99 DE 17/12/2009, p.2 a 69.
MINISTÉRIO da Educação Secretaria da Educação Fundamental. Departamento de
NOGUEIRA, Micheli Lima. Comunicação entre pais e educadores: Refletindo sobre a experiência de uma turma. Universidade Federal do rio Grande do Sul, disciplina de EDU 02003, conclusão do curso de Pedagogia. Porto Alegre, 2º semestre de 2007.
NOVO HAMBURBO. Lei Municipal Nº 1.358, DE 28/12/2005. Institui o Conselho Municipal de Educação - CME. Câmera municipal de Novo hamburgo. Prefeito municipal de Novo Hamburgo.
NOVO HAMBURGO. Lei Nº 003/14L/2008, de 03 de janeiro de 2008. Aprova o Plano Municipal de Educação e dá outras providências. Câmera municipal de Novo Hamburgo. Prefeito municipal de Novo Hamburgo.
OLIVEIRA. Zilma Ramos de. Educação Infantil - Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
Políticas Educacionais. Coordenação Geral de Educação Infantil. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/DPE/COEDI, 3v., 1999.

























APÊNDICE A - Entrevista com os pais para levantamento de dados


EMEI BRANCA DE NEVE 
Querida família: Estamos enviando este questionário para fins de coletar dados necessários para o preenchimento dos documentos referentes ao estágio da professora Elisângela no curso de pedagogia na UFRGS. Não é necessário assinar ou mencionar nomes por serem perguntas para fins estatísticos. Agradecemos com carinho, pois, conhecer a realidade de nossas crianças nos dá subsídios para melhorar nosso trabalho.

1.            Idade da criança:- -----------------------------------------------------
2.            Qual a distância da escola e sua casa? Perto? Longe? Casa própria ou aluguel?-----------------------------------------------------------------
3.             Quantos moram na casa?------------------------------------------
4.             Liste quem é: (mãe, etc.)
a----------------------, profissão:--------------------------------escolaridade---------
b----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------
c----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------
d----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------
e----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------
f-----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------
5. Local de trabalho dos pais ou responsáveis:
6. Religião:
7. Participam de alguns eventos, festas, etc.? Quais?
8. Origem familiar, descendência:
9. Atividades que a criança e a família participam fora da escola:
10. Tempo de permanência na escola (integral meio turno?)
11. Período de adaptação da criança, como foi?

Profª Elisângela R. G. e-mail el.is.garcia@hotmail.com, http://elisufrgs.blogspot.com/ 



 APÊNDICE B - Pesquisa sócio-antropológica 2010


EMEI BRANCA DE NEVE

Nome do (a) aluno (a):
Turma:
Pessoa (s) entrevistada (s):
Parentesco:
Grau de escolaridade:
Número de pessoas da residência:
Endereço:
Quanto tempo mora nesta cidade:

QUESTÕES:
1) Que futuro você espera para o seu filho?
2) Como a escola pode ajudar no futuro do seu filho?
3) De que maneira você pode ajudar a escola?
4) Como a escola pode melhorar a vida da comunidade?
5) Como a comunidade pode ajudar na educação?
6) Como você participa da escola?
7) Como você pode ajudar o seu filho na escola para que ele tenha sucesso?
8) O que você pensa que o seu filho deve aprender na escola? 
9) Você pensa que é importante conversar com seu filho?Por quê? Em que momento isso acontece? 















APÊNDICE C- Pesquisa de Satisfação 2012


Queridas famílias, estamos enviando a pesquisa e contamos com a sua colaboração. Sua resposta é muito importante para qualificação do nosso trabalho. Devolver no ato da rematrícula.

1. Você acha que a forma das professoras  proporem as atividades é adequada?   (  )Sim   (  )Não
Comente: ______________________________________________________
2. Como você avalia o relacionamento das professoras com os pais e com os alunos?  (  )Bom  (  )Regular 
(  ) Insuficiente
Comente: _____________________________________________________
3. Como você avalia a dedicação das professoras do seu filho?   (  )Boa  (  )Regular  (  )Insuficiente
Comente:______________________________________________________
4. De maneira geral, você considera a escola organizada?  (  )Sim  (  )Não  (    )Em parte
Comente: _____________________________________________________
5. Você sente falta de alguma instalação (espaço físico, estrutura, mobiliário)  que a escola não possui? (  )Sim. Qual?___________________________ (  )Não
6. Os ambientes da escola têm limpeza adequada?  (  )Sim  (  )Não   (    ) Em parte
Comente:______________________________________________________
7. Você observa alguma mudança nos hábitos alimentares do seu filho após a entrada na escola?   (  )Sim   (  )Não  (    ) Em parte
Comente: ____________________________________________________
10. Como você considera a integração de sua família na escola nos eventos festivos (Carreteiro, Dia das Mães/ Pais, comemorações diversas...)?  Destaque qual foi mais significativa (  )Boa  (  )A melhorar   Comente:_______________________________________________
11. Você tem interesse que seu filho participe de alguma atividade extra  classe (dança, capoeira, balé, aula de música, entre outros), mesmo que tivesse algum custo?   (  )Sim. Qual?_____________________________________ (  )Não
12. Você considera a dinâmica utilizada nas reuniões eficiente?    (  ) Sim
 (  ) Não
Suas dúvidas são esclarecidas?    (  )Sim   (  )Não Comente:____________________________________________________________
13. Em que aspectos você acha que a escola poderia melhorar?
(  )Infra estrutura                                                      (  )Comunicação entre professor/pais
(  )Comunicação entre secretaria/pais                        (  ) Atividades extra classe
(  ) Eventos festivos                                                           (  ) Reuniões de pais
(   )_____________________________
14. Aponte um destaque de 2012. O que mais lhe chamou atenção esse ano?_______________________________________________________________
15. O que você pensa sobre escola/educação?
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16. Nos dias de hoje, o que você considera importante ser trabalhado na Educação Infantil?
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17. O que você considera importante para uma escola que contemple a educação inclusiva (atendimento a portadores de necessidades educativas especiais)?__________________________________________________________
18. Sugestões para 2012:
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19. Você conhece a proposta pedagógica da Escola? (  ) sim,  (   ) Não,  (   ) Se não, gostaria de conhecer? Se sim, acha ser adequada?
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20. A proposta de trabalho da Escola respeita e valoriza as diferenças (brancos, descendentes afros, gordo, magro, apelidos, mulher, homem, etc.)_____________________________________________________________
21. As famílias sentem-se acolhidas e tratadas com respeito na Escola?__________________________________________
22. A Escola orienta e acompanha os familiares nos processos de busca e defesa dos direitos das crianças frente aos serviços públicos (conselho tutelar, especialidades médicas...) quando necessário? ____________________________

APÊNDICE D- Termo de autorização de dados:


Eu, Neida Hoch Wilmsen diretora da Escola Municipal Branca de Neve, de forma voluntária autorizo Elisângela Martins Rodrigues autorizo o uso e divulgação dos dados referentes a esta Instituição de Educação Infantil, citados neste Trabalho Avaliativo Final para a Disciplina Infâncias e Crianças na Cultura Contemporânea e nas Políticas de Educação Infantil: Diretrizes Nacionais e Contextos Municipais, curso de Especialização em Docência na educação Infantil da Universidade Federal do Rio Grande do sul. Trabalho realizado com o título de “INDICADOR DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL”, como representante legal desta instituição de Educação Infantil.

Novo Hamburgo, 19 de outubro de 2012.














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Assinatura do diretor e carimbo



[2] Pesquisa de satisfação realizada ao final de cada ano letivo (reavaliada neste ano de 2012): Anexo “C”.
[3] Perfil da comunidade escolar com base nos dados observados em entrevista realizada no ano de 2010: Apêndice “A”e “B”.

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