O que mais me chamou a atenção neste projeto de estágio, é que, fui à busca de respostas às minhas dúvidas com relação à oralidade e percebi que deveria não só trilhar outros caminhos que me remeteram às fases anteriores a que meus alunos encontram-se, como as que ainda não vivenciaram. Estudar qualquer fase do desenvolvimento humano nos leva a visualizar fases vividas e o SER HUMANO que ainda vai ser. Explico-me:
Evânia em seu livro “INFÂNCIA A IDADE SAGRADA”, pá. 13 e 14 nos faz perceber a importância de nós adultos na formação da personalidade e caráter de uma criança, no adulto que ainda vai ser, ou no adulto que é e a formação que obteve na infância. Ela nos faz compreender que o estado emocional de uma mãe, ainda na gestação, a ligação afetiva com o feto e posteriormente com seu bebê, interferem e determinam como será este indivíduo em suas futuras relações afetivas. Lembra-nos que o temperamento de uma criança é herdado e a personalidade e caráter que é formado a partir do que a criança receber, sentir e aprender em sua formação. Percebo ainda mais minha responsabilidade enquanto educadora na educação infantil, na fase de desenvolvimento em que as crianças encontram-se, justamente formando o seu caráter e sua personalidade. Meus alunos enquanto adultos serão o que nesta fase, os adultos que convivem com eles fizerem do ambiente físico (orgânico), emocional (afetivo), cognitivo (conhecimentos e aprendizagens). Quando tive de migrar para outros temas como o desenvolvimento da identidade, noções de corpo, relação com o outro, socialização, adaptação, imaturidade das estruturas cognitivas, percebi a complexidade de meu trabalho e a importância de trabalhar junto com os pais e a família nos esquemas que devem ser compreendidos na formação. “... a afetividade libera neurotransmissores que estimulam as conexões neurais, fundamentais ao desenvolvimento inicial do cérebro e ao amadurecimento da estrutura infantil”. Vejamos então, a importância de nossa relação com esta criança, que espera de nós muito mais do que ser cuidada em suas necessidades e construir aprendizagens, espera de nós a SUA FORMAÇÃO DE SER HUMANO. Freud, Evânia, 2009, pág. 23, já associava que a criança não nasce emocionalmente pronta e a relação direta dos vínculos familiares com as doenças mentais. Devemos enquanto educadores, trazer os pais a estas compreensões e desmistificar a educação infantil com os conceitos simplórios de cuidar e ensinar algumas coisas relacionadas ao comportamento e atitudes corretas. Recentemente fizemos uma pesquisa com alguns pais onde foi perguntado: O que eles esperam que a escola faça opor seus filhos¿ Na maioria das respostas à consciência de que desejam que seus filhos estejam bem cuidados e que a escola ensine a ter bons modos, foi resposta unânime.
REICHERT, Evânia. Infância A Idade Sagrada. Edições Vale do Ser. 2009. 2ª edição.
Um comentário:
Olá, Elisângela:
O início da tua postagem me lembrou Melanie Klein, uma autora psicanalítica que dá ênfase na relação entre mãe e bebê e que acredita na filogênese (as crianças já vêm com fantasias prontas). Trouxeste autores importantes como Freud que ajudam a explicar o quanto a relação com o outro é essencial na humanização.
Grande abraço, Anice.
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