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3 de jan. de 2012

A RELAÇÃO DE PARCERIA ENTRE PROFESSORES E FAMÍLIA, COMO UM FATOR IMPORTANTE NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO/FACED
CURSO DE PEDAGOGIA - EAD
PÓLO DE GRAVATAÍ





ELISÂNGELA RODRIGUES GARCIA




a RELAÇÃO DE PARCERIA ENTRE PROFESSOR E FAMÍLIA, como um fator importante NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE ENSINO e aprendizagem























Porto Alegre
2010


Elisângela Rodrigues Garcia








a RELAÇÃO DE PARCERIA ENTRE PROFESSOR E FAMÍLIA, como um fator importante NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE ENSINO e aprendizagem


                         


Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia, pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – FACED/UFRGS.

Orientador: Darli Collares


Aprovado em ___/___/_____.

A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso, A Relação de Parceria Entre Professor e Família, como um Fator Importante no Desenvolvimento de Projetos de Ensino e Aprendizagem, elaborado por Elisângela Rodrigues Garcia, como requisito parcial e obrigatório para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.   



______________________________________________
Dra. Darli Collares

  
______________________________________________
Dra. Natália Gil


  
Porto Alegre
2010











































UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor: Prof. Carlos Alexandre Netto
Vice-Reitor: Prof. Rui Vicente Oppermann
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Aldo Bolten Lucion
Diretorda Faculdade de Educação: Profª Valquiria Link Bassani
Coordenadoras do Curso de Graduação em Pedagogia – Licenciatura na modalidade a distância/PEAD: Profas. Rosane Aragón de Nevado e Marie Jane Soares Carvalho
AGRADECIMENTOS

Nos momentos mais críticos, de maiores desafios e grandes vitórias, vivenciados por mim durante todo o período do curso PEAD, reencontrei-me enquanto mulher, mãe e educadora. Descobri que posso olhar o mundo fora de mim mesmo, com a segurança de quem busca e aprendeu a “ler nas entrelinhas”. Nesta caminhada construindo aprendizagens e conhecimentos, sai da zona de conforto para um campo extremamente desconcertante. Graças a Deus!

Em meus avôs maternos, nos valores transmitidos com tamanha sabedoria e afeto; Em meu avô paterno, a espiritualidade; Em meu pai vejo a força e a coragem de um guerreiro; Em minha mãe, a persistência em erguer-se sempre; Em meus tios Irene e Vendelino, a educação formal e a paixão pelo magistério; Em minhas irmãs a cumplicidade do desejo de ser vencedoras. E somos; Em meu marido a compreensão e a força para que na liberdade de nossas escolhas, desejamos ficar sempre unidos. E, em minhas filhas, ah, em minhas filhas, as razões de meu agir, de minha fé, de minhas forças, de minhas paixões e de meu ser.

Não poderia deixar de expressar minha gratidão às colegas de trabalho: Evandra e Neida pela cumplicidade na luta por um ensino e educação de qualidade; Letícia pela paciência e compreensão em meu estágio e neste período de escrita do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso); As colegas, Marília, Morgana, Silvana, Cláudia, Daiane, Tatiane Loreni, Nara, Marivone, Íris, Maria Lúcia e Verani, pela relação de parceria nos projetos e porque sustentam suas verdades na permanente luta pelo sucesso da educação. Muito obrigada.









RESUMO

O presente trabalho trata da relação entre família e professores, como fator importante no desenvolvimento de projetos de ensino, na educação infantil, no caso, em uma turma com alunos na faixa etária de dois anos de idade. Considerando que nem sempre são as figuras de pai e mãe que respondem por meus alunos as questões referentes à escola, usarei neste, hora o termo pais, hora familiares, sempre que estiver me referindo a quem representar esta função nesta relação. O diálogo, a busca por melhores alternativas para a resolução de possíveis conflitos e superação dos desafios, definição clara das funções e influências que escola e família exercem no desenvolvimento da criança e a cooperação, contribuíram para a construção dessas relações de parceria entre mim e os familiares de meus alunos. Com o objetivo de ter maior noção do contexto das instituições familiares das crianças, foram considerados os dados de duas entrevistas realizadas durante o estágio curricular. Contamos também, no exercício da construção dessa parceria, com a boneca KIKA, o livrinho de músicas, registro em fotografias e filmagens do dia a dia da criança na escola, reuniões e eventos[1] e as constantes conversas com os familiares na entrega e retirada da criança na escola. As reflexões teóricas e práticas estão fundamentadas no pbworks[2] do estágio, no relatório do estágio[3], na abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família de Alícia Fernández, 1990, no trabalho de conclusão de curso (TCC) de Micheli Lima Nogueira, 2007, que trata da comunicação entre pais e professores na educação infantil, bem como outros teóricos que cito, os quais eu busco apoiar-me no exercício de estruturar as minhas concepções.

Palavras chaves: Educação Infantil (0 a 3 anos). Trabalho com projetos. Relação entre os pais e professores. 



SUMÁRIO



       INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 6

1      REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 11
1.1 Organizações dos conhecimentos escolares por meio de projetos............... 13
1.2 Compreensões mais abrangentes da relação entre pais e professor, considerando o momento histórico em que estamos vivendo................................................................................. 15
1.3 Ações que propiciaram a construção de uma parceria com os pais dos alunos          19
1.4 Espaços de diálogo...................................................................................................... 20
1.5 Atitudes do professor para se estabelecer uma relação de parceria com os pais        21

2     DESENVOLVIMENTO DAS EXPERIÊNCIAS......................................................... 23
2.1 Reuniões......................................................................................................................... 24
2.2 Diálogos com os pais e familiares na entrega e retirada das crianças na e da escola 24
2.3 Entrevistas para conhecer um pouco da realidade familiar dos alunos........ 27
2.4 O dia-a-dia da criança na escola, visível aos pais................................................ 30

3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................................................ 33

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 37

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 42

APÊNDICE A – Entrevista com os pais para levantamento de dados................... 44
APÊNDICE B - Pesquisa sócio-antropológica 2010................................................... 45



INTRODUÇÃO


 




 Ao longo de minha vida profissional e no estágio deste curso, por ter realizado maior reflexão teórica e prática fui me dando conta da importância de contar com o apoio e cooperação dos pais e/ ou responsáveis pelos alunos, no desenvolvimento dos projetos de ensino, bem como, estabelecer vínculos que valorizem a confiança, a compreensão e o respeito mútuo, entre escola e famílias.


Apesar de algumas questões[4] acompanharem-me há tempos, foi durante o período de estágio que finalmente percebi a possibilidade de estudar a respeito:

·                    De que forma os professores, os pais dos alunos e escola como um todo, podem construir uma relação que possibilite o desenvolvimento de propostas pedagógicas, projetos e planejamentos de aulas?

·                    De que forma construir um diálogo com as famílias com relação ao resgate de suas funções na vida dos filhos?

Senti a necessidade de estabelecer uma relação mais profunda com os pais no desenvolvimento do Projeto do estágio, quando percebi a importância das funções da família no desenvolvimento da Oralidade nas crianças.

Destas questões que me acompanharam há tempos este trabalho propõe uma reflexão sobre a relação entre o professor e os pais dos alunos.

Com base na minha caminhada como educadora, concluí que precisamos construir a cooperação entre professores, escola e familiares dos alunos como um dos fatores relevantes para se desenvolver os projetos de ensino em sala de aula, neste caso, na Educação Infantil. O projeto de estágio realizou-se na EMEI Branca de Neve, onde exerço docência em uma turma de 20 alunos, na faixa etária de dois anos de idade[5]. Pela complexidade do projeto foi necessário o apoio das famílias dessas crianças. Com isso, percebi que alcançamos melhor nossos objetivos, quando as práticas educativas são vivenciadas no meio escolar e familiar, provocando inclusive, algumas mudanças de atitudes como, por exemplo, quando a mãe deixa de atender prontamente uma solicitação da criança e lhe dá a oportunidade de verbalizar o que deseja (postura importante no processo de aprender a falar). 

Em meu relatório do estágio[6], já nas primeiras atividades propostas, percebi que entre as crianças que me motivaram a desenvolver o projeto, exigiriam ações que envolvem também os familiares no processo de desenvolvimento de sua linguagem. Pois se distinguiam das demais, apresentavam distintas características quanto à fase em que se encontravam. Uma ainda apresentando imaturidade numa relação de simbiose com a mãe necessitando de estímulos para construir uma relação social com o meio. Tanto que ao término do desenvolvimento do projeto, a partir das séries de atividades e da relação de parceria com a mãe, o aluno tem demonstrado crescimento significativo com relação ao seu desenvolvimento, ainda não fala claramente, porém comunica-se e faz questão de ser compreendido, mesmo que para isso faça uso de gestos, mímicas e repetições. Também uma menina com dificuldade de adaptação à escola, grupo que representa a sua primeira experiência de socialização com outras crianças. E, o aluno “A”, três anos, que não falava, nem com os colegas e nem com as professoras, não brincava, apenas ficava observando tudo ao seu redor. Lembro-me que não respondia quando solicitado porque não percebia que estava sendo chamado à atenção.

Nesta caminhada, precisamos todos andar juntos, escola, professoras, os pais, a família e as crianças. Precisamos contar com o apoio da família de cada criança para que seu desenvolvimento aconteça em um processo de superações e conquistas. Neste processo é relevante o afeto, o respeito, a confiança e a cooperação mútua.

Acredito que é importante que os professores tenham algumas noções das características de fase do desenvolvimento em que a criança encontra-se e da aquisição da linguagem para sabermos como agir auxiliando-a no processo. Para tanto o diálogo e a troca das questões com relação à criança, entre os familiares e professores é fundamental. 

Fizeram parte do campo de estudos, as professoras substitutas do horário do dormitório e lanche (Profª E Profª S, Profª M e Profª L), todas estas parceiras, que no período do estágio obrigatório exerceram também, certa influência, nesta turma em que sou a professora titular.

No período de estágio, esta constatação de que a relação entre pais e professores é muito importante, foi ratificada porque no projeto de ensino desenvolvido, pais e professora necessitaram construir esta parceria. Para Vigotski (apud BOTH, 2008, p. 77), ''Uma das principais fontes de motivação para aprender uma língua, é "ter de se virar". O aluno tem que ter a necessidade de se comunicar. E isso eu precisei dizer aos pais para que fosse vivenciado em casa. Reichert[7] (2009) nos faz perceber a importância de nós adultos na formação da personalidade e caráter de uma criança, no adulto que ainda vai ser no adulto que já é e a formação que obteve na infância. Acredito na complexidade de meu trabalho e a necessidade do diálogo com as famílias, colegas professores e funcionários da escola,  nos esquemas cognitivos que devem ser compreendidos na formação e desenvolvimento da criança.

     Tive de realizar ações para construir esta parceria com os pais dos alunos: Considerando que na maior parte do tempo as crianças estão na escola e que por este motivo os pais e a família deixam de presenciar muitos momentos importantes na vida das crianças foram registradas as atividades e as diferentes situações em fotografias (mais de 900) e filmagens que serão entregues a cada criança em um DVD, como lembrança de suas aprendizagens e momentos na escola, no final do ano letivo. Foi um pedido dos pais em nossa primeira reunião no início do ano e acredito ser uma atitude que aproxima pais e professores, “quebra-se o gelo” quando os educadores demonstram ações de carinho através de gestos como este. A boneca Kika[8] foi parte do projeto, cuja função teve maior significado. Foi confeccionada aos poucos, pelas famílias, em visitas às casas das crianças nos finais de semana. Os pais envolveram-se e a cada visita a Kika foi ganhando forma, personalidade, sexo, idade, etc. (na semana da Copa Mundial de Futebol em 2010, uma mãe confeccionou para a Kika uma camiseta da cor da seleção do Brasil) e juntos fomos construindo identidade, desenvolvimento da autonomia e a relação com o meio, bem como, conceitos, entre eles, relacionados à formação do corpo e identidade. Mais tarde a Kika interpretou personagens nos contos na rodinha, significando outros conhecimentos e aprendizagens, como por exemplo, a retirada de fraldas, da chupeta, conhecer as cores, noções de quantidade, nascimento e desenvolvimento de uma criança, etc.

Já o livrinho de música foi um pedido das mães na reunião em homenagem a elas com a apresentação das fotos das crianças. Apresentaram o desejo de poder acompanhar as aprendizagens de seus filhos e poder interagir com eles cantando as mesmas cantigas de sala de aula, pois, na faixa etária em que se encontram, nem sempre se expressam de forma clara para os adultos. Com esta mesma preocupação, após o término do livrinho de músicas, as cantigas aprendidas posteriormente, foram sendo coladas nas agendas dos alunos. A comunicação entre escola, professoras e pais é bastante intensa, através das agendas dos alunos, diariamente há os recados de ambas as partes e as questões sendo resolvidas. As atividades da 4ª semana de estágio, referentes ao dia das mães, aproximaram a escola e famílias, as crianças, demonstraram-se mais adaptadas, como se esta passasse a ser mais familiar. Isto fez com que avançassem no processo de socialização. Percebi que passaram, então, a conversar mais umas com as outras representando sentirem-se mais seguras. Aproveitei o evento em homenagem às mães para conversar com elas sobre o projeto do estágio e fazer algumas combinações de mudanças de atitudes em casa, como a retirada da chupeta, oferecer alimentos mais sólidos para as crianças, oportunizar a criança situações em que ela tenha a necessidade de falar, etc. Ou seja, estabelecer parceria com a família no processo.

Em outra reunião para registrar a culminância do Projeto de estágio, foi realizada uma apresentação em PowerPoint para os pais. Apresentamos todo o processo de desenvolvimento, as observações, descobertas, angústias, aprendizagens e estudos feitos com relação à construção da oralidade na faixa etária de dois anos de idade. Tivemos a participação ativa de 65% dos pais dos alunos na reunião, encantados pelo trabalho desenvolvido. Percebi que nem sempre o pai ou a mãe, representa as pessoas que respondem pelas crianças nos assuntos relacionados à escola. Houve casos em que este papel não estava claro e definido, junto à família e quem exerceria esta função. Foi necessário, chamar os pais para uma conversa e com a ajuda da psicóloga “J.”, a família foi definindo esta função. Com base nos dados colhidos nas pesquisas realizadas com os pais, tive maior noção da realidade familiar dos alunos, princípio que considero importante para compreender os costumes familiares em participar ou não de grupos sociais, no caso da escola de seus filhos, bem como fatores que podem intervir nesta participação como morar longe da escola e/ou ter uma jornada de trabalho extensa, por exemplo.

A intenção maior deste trabalho é a de apontar as relações entre professor e pais e/ou familiares dos alunos, bem como a construção de parceria entre estes, no desenvolvimento dos projetos de ensino, como um fator importante nas conquistas e possibilidades que se constroem a partir destas relações de parcerias estabelecidas. A motivação para que a aprendizagem aconteça é o interesse do outro. Sara Paim[9] (apud, FERNÀNDEZ, p 28) afirma que:



Tudo começa na triangulação do primeiro olhar. No primeiro momento, a mãe ou seu equivalente busca os olhos da criança e a criança busca seus olhos; aqui há um encontro necessário para que haja aprendizagem, mas logo a mãe olha para outro lado, objeto ou pessoa, e seu filho também desvia o olhar para este mesmo lado. Seus olhares se encontram em um objeto comum, um objeto de reencontro, quer dizer, desses olhos nos olhos vai haver um deslocamento até outros objetos de conhecimento (FERNÁNDEZ, 1990, p.28).



Quem dera eu conseguir com que cada mãe ou familiar posto nesta função, compreendesse a sua importância no processo de aprendizagem de seu filho, sem as tentativas de passar para a escola e o professor a total responsabilidade da educação. Observei na entrevista com os pais que a maioria responde que espera da escola que eduquem seus filhos para que sejam pessoas de bem e a sua participação na educação das crianças se restringe a ir à escola quando chamados a ajudar a escola quando solicitados caso esteja dentro de suas possibilidades.

























1 REFERENCIAL TEÓRICO






Estabelecer uma relação de parceria entre pais e professores depende de vários fatores. Acredito que entre eles, os objetivos pelos quais a criança está na escola. Muitos pais ainda vêem a educação infantil como assistencialista, seja porque a mãe esta no mercado de trabalho e não tem com quem deixar o filho, seja porque têm na escola as condições necessárias de cuidado, alimentação e mensalidade que se encaixa na renda da família. Ainda pode-se citar o fator histórico cultural onde no final do século IX e início do século XX, a escola passa-se a ter caráter obrigatório.  Sendo assim a criança receberia uma educação cívica, higiênica, disciplinar e aprenderia uma língua nacional que não era a falada na família. Segundo Perrenoud[10] (2000, p. 112 e 113) “A relação entre pais e professores não é tão simples [...] Quando as coisas dão certas, observa-se uma grande capacidade de cada parceiro em considerar o ponto de vista um do outro”.

Fui questionada por uma colega se quando não se tem sucesso na relação entre professores e pais, os alunos deixam de aprender? Achei interessante esta observação, pois percebi que deveria, mesmo que de forma breve, mencionar alguns dos motivos que são determinantes quando a aprendizagem não acontece.

Durante o curso PEAD (Pedagogia de Educação na modalidade à Distância) estudamos Processos de aprendizagem e de ensino. A Didática como prática social e disciplina teórica prática _O “fazer” do professor[11]. Busquei nesta atividade exatamente isso, pois, podermos contar com o apoio dos pais no desenvolvimento dos projetos contribui para a aprendizagem dos alunos, em áreas que muitas vezes em que os professores não têm acesso. Isso é importantíssimo, agora, atribuirmos à ausência desta relação ao fracasso da construção das aprendizagens, isso já seria um erro.

Nem sempre quando o professor ensina, a aprendizagem é uma realidade. Fiquei intrigada em relação a esta questão e resolvi então pesquisar o porquê alguns de meus alunos ainda não falavam a fim de poder atingir os objetivos do projeto de estágio. Para Alícia (1990, p. 17), quando o processo de aprendizagem apresenta rupturas “em seu desenvolvimento intervêm fatores vinculados ao sócio-econômico, ao educacional, ao emocional, intelectual, orgânico e corporal”. Como não pensar então que devemos estabelecer parcerias enquanto educadores, diretamente ligados às práticas de aprendizagens? Daí a importância dos dados coletados na pesquisa com os pais dos alunos, desejei compreender os fatores pelos quais poucos de meus alunos ainda não falavam para poder traçar uma linha de ação. Neste sentido corro o risco de fazer algumas afirmações que têm como única base de sustentação as minhas concepções, confiando em minhas observações, análises, práticas e sucesso no alcance dos objetivos.

Com relação ao aluno “A”, citado no oitavo parágrafo na introdução deste texto, p. 13, acredito que Janete Goulart (1996) explica a razão pela qual ele não falava quando diz que são vários fatores que contribuem para o sucesso da aprendizagem, ao mesmo tempo em que também é bastante complexo quando as aprendizagens não são construídas.



As crianças têm algumas inibições por possuírem limitações normais em relação às funções do EU (Sexual, Alimentar, Locomoção, Trabalho). Estas limitações não são necessariamente patológicas. Estas inibições representam uma redução da função ou de uma nova operação. Algumas destas tornam-se evidentes diante de alguma determinada atividade. Com isso o EU renuncia a certas funções saudáveis; etc.



Após transcorrer algumas conversas com a mãe e juntas colocarmos a criança em situações que estimulam a verbalização, o menino passou a falar, para a nossa surpresa a falar claramente já com frases bem formuladas.

Por isso acredito que a forma eficiente para as mudanças é com a participação efetiva e atenta de todos os atores que de forma direta ou indireta estão presentes nas ações educativas e com isso é preciso planejar para atender os objetivos e desafios da realidade da qual fizemos parte.

  É necessário criar uma nova ação docente na qual tanto professor quanto alunos participam de um processo para aprender de forma criativa, dinâmica, encorajadora, que tenha como base o diálogo e as descobertas. Este processo deve permitir ao professor e os alunos aprenderem e aprender num processo coletivo para a produção do conhecimento, colocando quem aprende em um sistema que permite um currículo vivo no qual o ensino/aprendizagem se dê nas relações interdisciplinares e que o conhecimento seja algo em constantes transformações e que ultrapasse as salas de aula[12]. Neste contexto, percebe-se a importância da participação da família no desenvolvimento dos projetos de ensino.





1.1 Organizações dos conhecimentos escolares por meio de projetos





A escola tradicional, tal qual a conhecemos, tem o currículo organizado de forma fragmentada, por disciplinas (geografia, história, ciências), sem muitas vezes, significar a construção da aprendizagem e das estruturas cognitivas do educando. Foi organizado desde a metade do séc. XX, através das disciplinas ou áreas de estudos. Hoje, esta sendo considerando e já é uma prática em algumas escolas, a organização do currículo por projetos pedagógicos. Segundo Santos (2003, p.1), “a realização dos projetos tem sido o fio condutor da compreensão dos novos conceitos educacionais”. Vasconcellos (1995, P. 143) define projeto pedagógico como:



[...]um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. E uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição.



Na educação infantil os projetos pedagógicos de ensino e aprendizagem se caracterizam especificamente porque mais do que observar conteúdos que devem ser trabalhados e conhecimentos que são construídos, precisam necessariamente respeitar as características da fase de desenvolvimento em que a criança encontra-se. Através dos estímulos, acredito que o desenvolvimento cognitivo vai se estruturando e aí sim os conteúdos e conhecimentos são instrumentos de aprendizagens para as estruturas cognitivas. A criança aprende enquanto é estimulada e as aprendizagens estimulam novos conhecimentos e assim por diante.

Um fato relevante na segunda semana de estágio é que o planejamento foi todo readaptado no momento da prática. Um comentário da minha orientadora Darli Collares em meu relatório da 1ª semana, me fez pensar muito: “Nesta fase em que as crianças se encontram faz-se necessário abrir espaços para que construam relações e vínculo. Cuida, nesse sentido, para não sistematizares demais a organização do espaço e das ações das próprias crianças” [13]. Num primeiro momento, não compreendi o que significava as palavras “sistematizar tanto”, porém, pensei que se eu compreendesse o que a professora estava querendo dizer, encontraria as respostas que eu estava buscando. E, em uma palestra que assisti no corrente mês de abril, naquela mesma semana com a Profª Doutoranda Marta Quintanilha Gomes, que nos questionou sobre a ação do educador na educação infantil. Lembrou-nos que muitas vezes percebemos as crianças como sujeitas que um dia serão e não como indivíduos que já são. Culturalmente tendemos até mesmo como pais, a ver os bebês em processo de ser e não sendo. Que até mesmo os cursos de formação docente abordam com muita pouca ênfase a educação infantil. A palestra dela me levou a compreender as palavras da professora Darli em observar melhor o espaço em que as crianças estão brincando; Será que minha sala de aula estava sendo um espaço para brincar? Pensar nos sentidos do corpo como receptores e estimuladores da aprendizagem (afinal, meus alunos, na faixa etária de dois anos de idade), demonstrava estar recentemente saindo do período sensório motor); usar mais as produções das crianças para enfeitar a sala e não os protótipos que em nada significam para as crianças; que o principal em minhas aulas é o processo e não os resultados, estes podem levar um tempo para serem visíveis que talvez eu nunca poderei visualizar, mas, acontecerá de forma importante na vida destes pequeninos; que a rotina não pode nos engessar de forma que um objetivo não seja alcançado justamente porque este é resultado da espontaneidade e criação livre; devo observar mais as crianças em suas iniciativas livres para o brincar e, à partir daí ser articuladora no processo para alcançar os objetivos de meu planejamento; cuidar para que o coletivo não sobreponha-se a individualidade, à privacidade e as crianças precisam ser atendidas nas suas necessidades antes de seguirem um planejamento. Percebi que se eu conversasse com meus alunos, olhando no olho, dialogando com eles como sujeitos, eles iriam desenvolver a linguagem oral com mais naturalidade e sentido. Both (2008), afirma que, segundo Piaget “[...]a criança interage com o meio, ou seja, que a construção do conhecimento acontece na interação organismo-meio [...] até a criança se socialize, ela tem um pensamento autístico (individual)”.

 


 


1.2 Compreensões mais abrangentes da relação entre pais e professor, considerando o momento histórico em que estamos vivendo






Não sei dizer quantas vezes ouvi colegas professores perguntarem-se angustiadamente do por que de não conseguirem alcançar o apoio dos pais em suas idéias e projetos, considerados tão importantes para seus próprios filhos. Se o trabalho do professor é fazer tudo o que podem “e o que não podem também” para o bem do aluno, por que não consegue muitas vezes a compreensão e a parceria dos pais das crianças? Confesso que estas questões seguiram-me até aqui sem que eu tivesse as respostas e com este trabalho hoje consigo ter uma noção dos motivos dessa falta de uma relação de parceria, quando ela não é estabelecida. Um fator importante, a considerar, é histórico. Em outras palavras, nossa sociedade, culturalmente vive um período pós-autoritarismo. É muito recente alguns conceitos de participação e envolvimento com as instituições educacionais, por parte da sociedade como um todo. Ainda estamos construindo alguns conceitos como: gestão democrática, comunidade escolar, etc. Talvez, historicamente, ainda não vemos a escola, os professores, a comunidade escolar e a própria educação, como uma relação e uma história a serem construídos, por todos os envolvidos, os pais, alunos, professores, enfim, toda a comunidade escolar. Acredito que muitos de nós, ainda não compreendemos o que significa a Escola ser uma instituição pública.

Quero citar aqui o caso de um aluno, o “D”, três anos, cujo processo de aprendizagem não se desenvolveu tanto quanto eu gostaria. Com ele foi desprendidas todas as ações tanto quanto os demais alunos e feitas tanto ou mais tentativas de diálogo com a mãe e mesmo assim, o projeto não influenciou na construção das aprendizagens, pelo menos não de forma visível para mim, nem tão pouco consegui estabelecer uma relação de parceria com a mãe. Acredito que ele tenha construído conhecimentos, porém no que se refere à oralidade, o menino ainda não está falando, ao contrário de todos os outros alunos os quais fizeram parte do projeto de desenvolvimento da oralidade. Neste trabalho de TCC, não há maiores detalhes com relação a este caso, pois, à medida que fiz minhas reflexões no relatório do estágio, “não tinha o que escrever a respeito deste aluno”. E, assim fiquei esperando que acontecesse algo significativo para escrever a o período de estágio terminou. Porém sempre que se perguntar, ao ler este trabalho o que exatamente estou querendo dizer que não está explícito de forma clara, pense neste menino que não consegui perceber progresso em suas aprendizagens quanto à fala. Por isso a minha certeza de que a relação com os pais é importante. Os demais casos em que consegui atingir os pais em meus propósitos do projeto, o processo fluiu de forma a alcançar todos os objetivos e as crianças estão falando. FERNÁNDEZ (1990, p.15) cita Maud[14], explicando-nos que “A estrutura de toda a instituição (familiar escolar [...]) tem como função a conservação de uma experiência (cultural, social, etc.) com a finalidade de reproduzir a herança recebida”.

Ao mesmo tempo, tenho a certeza de que é possível construir uma relação de parceria e cooperação com os pais, a família ou quem representar estas funções, desde que sigamos alguns princípios como o respeito mútuo, solidariedade, diálogo, deixando de lado alguns sentimentos de individualismo, arrogância e prepotência. Perceber que sempre é possível dialogar e chegar a um entendimento, no mínimo de respeito às diferenças.

Lembra-nos Maturana (1993), que nós seres humanos, vivemos preocupados em como a nossa vida interfere na vida dos outros e com os comportamentos indesejáveis de outras pessoas, esta preocupação ética percebemos porque somos “animais cooperadores”. É imprescindível, estabelecer relações em contínuo processo de construção com as pessoas mais próximas e que respondem pelos alunos nas questões referentes à escola, buscando resgatar valores éticos, vitais para a vida em sociedade.

 Precisamos considerar os desafios que nos são apresentados, desde que nos colocamos em posição de atores, na construção de uma escola, que contempla o processo de transformações e mudanças, tão necessárias ao sistema educacional.

É necessário enfatizar que as atitudes para construir uma relação de parceria e cooperação com os pais de nossos alunos, são pequenos gestos realizados no cotidiano escolar.

Em textos de interdisciplinas estudadas no curso PEAD, eu me senti atraída por reflexões que me ajudaram a compreender em que contexto se constrói esta relação com os pais dos alunos, quando o professor desenvolve seus projetos em sala de aula. Como por exemplo, o texto A educação como processo socializador: função homogeneizadora e função diferenciadora[15], Durkheim[16] nos traz os conceitos de educação de diferentes pontos de vistas, tempos e espaços, numa perspectiva histórica. Compreende-se educação como um conceito que sofre transformações no tempo e espaço. À medida das características culturais da sociedade, entende-se educação de formas muito distas. Acredito ser importante para o professor, ter pelo menos, noções, das bagagens culturais, herdadas pelos grupos sociais, os quais fazem parte da comunidade escolar e têm seus filhos na escola. Ter noção do momento histórico em que vivemos, se as participações dos pais nos assuntos referentes à escola são ou não afetadas pelos conceitos herdados culturalmente, etc. Se fazem necessárias novas conscientizações e isso se dá de forma a ser construída por todos os envolvidos com a educação: gestões administrativas, professores, funcionários da escola, alunos, pais e familiares. Até mesmo numa conversa informal com um pai, na porta da sala de aula, temos que considerar o ponto de vista deste, nas suas afirmações e dúvidas. Às vezes precisamos dialogar de forma aberta, aceitando o diferente, considerando o contexto em que a família vive.

Quando um professor desenvolve uma proposta de trabalho em sala de aula, muito melhor alcança os objetivos na aprendizagem dos alunos, quando constrói uma parceria junto com os pais ou quem representa a criança na escola. Trazer reflexões de que acreditamos nisso ou naquilo pela nossa formação educacional, facilita na mudança de velhas concepções e pensamentos retrógrados. Em diferentes momentos durante o estágio deste curso PEAD eu tive de estabelecer um diálogo muito aberto com os pais para construirmos esta relação de parceria, tão almejada.

Cito a postagem[17] do dia 01/05 de 20010, cujo título é: Identidade própria, identidade social e necessidade de comunicar-se, igual a falar, quando nos parágrafos 5, 6, 8, 9, 10 e 11, trago algumas questões importantes para reflexões como um aluno que vinha demonstrando um comportamento agressivo mordendo os coleguinhas, a aluna que chorava todo o tempo, mesmo demonstrando gostar da escola, outra que não conversava nem interagia com os coleguinhas devido à insegurança que a mãe transmitia e a necessidade de manter um diálogo com as mães referente ao projeto que estava sendo desenvolvido durante o estágio (O desenvolvimento da oralidade...) deste curso. Em todos os casos citados, o diálogo com a família foi o ponto mais relevante para que todas as questões fossem resolvidas. Foi necessário compreensão de minha parte do contexto vivido pelas crianças e a construção de uma relação de parceria com as famílias.

Perrenoud[18] relaciona 10 competências essenciais em um educador para poder ensinar. Entre as dez citadas a 1ª é “organizar e dirigir situações de aprendizagens”[19], ou seja, desenvolver também projetos de ensino e aprendizagens. A 2ª é “administrar a progressão de aprendizagens”, que dá suporte à primeira ação. E, a sétima, entre outras, é informar e envolver os pais, ou seja, quando se discute educação, fica sempre visível o quanto é positivo envolver os pais na vida escolar de seus filhos. Na mesma referência à cima, Hernández (p. 24), é lembrado dizendo que “a organização do currículo deve ser feita por projetos de trabalho [...]”. Que sustentar nosso trabalho de educadores em projetos muito bem organizados visando a construção das aprendizagens dos alunos, de acordo com as competências e habilidades que necessitam ser estruturadas em cada fase de desenvolvimento, eu não tenho nenhuma dúvida. Muito mais alcançamos os objetivos se envolvermos nos projetos os pais, uma vez que todos que convivem com a criança, influenciam de alguma forma em seu desenvolvimento. Um exemplo muito prático eu descrevo já na reflexão da primeira semana de estágio: Com as atividades sendo objetivas no desenvolvimento da identidade e percepção dos indivíduos coletivamente, algumas crianças que usam fraldas, manifestaram o desejo de fazer como os coleguinhas, xixi e cocô no vaso. Estamos estimulando está prática, professora e mamães.[20]





1.3 Ações que propiciaram a construção de uma parceria com os pais dos alunos






Quando, no período do estágio, me deparei questionando, porque os meus alunos, na mesma faixa etária de dois anos, alguns não falavam, imediatamente iniciei uma busca em identificar as minhas responsabilidades. Acredito que assim como, quando meus alunos têm sucesso na construção dos conhecimentos, os méritos também são atribuídos a mim enquanto professora e aos familiares que exercitam a função de educar, também temos as nossas responsabilidades quando se trata do fracasso da aprendizagem, mesmo que no caso a aprendizagem seja no desenvolvimento da criança e da oralidade. Se o fracasso da aprendizagem é na construção da linguagem, muito mais, nós adultos que fizemos parte da vida desta criança temos a responsabilidade. Segundo FERNÁNDEZ, 1990: “Por ensinantes entendo tanto o docente ou a instituição educativa, como pai, mãe, o amigo ou quem seja investido pelo aprendente e/ou pela cultura para ensinar”. A escola deve promover a participação dos pais de diversas formas, envolvendo-os nas atividades das crianças construindo uma relação social sólida que sustente seus projetos para o desenvolvimento da criança. Estas ações que propiciam a construção de parceria entre professores e pais e/ou familiares se deram na turma em que sou docente, desde o início do ano letivo, em diferentes momentos: Nas entrevistas realizadas antes do início das aulas (levantamento do maior número de informações possíveis sobre a criança); diversas reuniões com os pais para a discussão de assuntos relacionados aos filhos ou a instituição escolar, bem como o projeto de estágio; conversas individuais para troca de informações e tentativas de estabelecer parcerias para enfrentar os desafios; atividades integradoras como os eventos de páscoa, dia das mães, dia dos pais, mutirão para deixar a escola mais bonita, sorteio de rifas, rodeio, feira do livro, palestras com profissionais como a psicóloga, dentista, fonoaudióloga, secretário da educação, dia das crianças, as visitas e pesquisa á casa das crianças; passeios; solicitação da participação dos pais nas decisões da escola por meio de enquetes e recados nas agendas além da convivência diariamente nas dependências da escola. Micheli Nogueira em seu estudo sobre A Comunicação entre pais e professores na educação infantil, destaca a importância dos pais e professores terem uma relação sólida para a troca de informações e continuidade dos trabalhos iniciados em sala de aula “e para o desenvolvimento da criança” ( MICHELI, 2007, p.22).

Na prática nós professores necessitamos conhecer nossos alunos e a princípio fizemos isso através do olhar de seus pais e familiares, iniciamos o processo de conhecer nossos alunos sob a ótica dos pais. Um exemplo disso é a entrevista feita com os pais das crianças no início do ano letivo.  Fernández (1990, p. 91), faz referências ao que ela chama de “famílias- problemas de aprendizagem”, quando têm um membro com problemas de aprendizagem, tal a importância na observação do contexto das instituições familiares quando nos deparamos com desafios de aprendizagem em sala de aula. Acredito ser importante construirmos parcerias que vão além da relação família e escola, mas profissionais como psicólogos, psiquiatras, pedagogos, etc.





1.4 Espaços de diálogo






É importante haver momentos de encontro entre pais e professores para discussões de interesses, tanto da família como da escola e identificar a ligação comum a todos, nestes interesses. Segundo Micheli (2007), pais e professores são os principais responsáveis pela educação das crianças. Ambos devem ter a liberdade de dialogar sempre que necessário, sendo dispostos diferentes recursos para isso.[21] Ex: O momento da chegada e saída das crianças na escola, as agendas das crianças, painéis dispostos em lugares estratégicos na escola, reuniões com recursos tecnológicos, PowerPoint, etc.

É o exercício da democracia vivenciado pela comunidade escolar, constrói os cidadãos autores desta escola almejada, comprometidos com a própria história. Ações estas que devem ser permanentes e dialógicas, garantindo o pleno acesso e permanência dos sujeitos. “O desafio é atualizar a educação em relação às grandes transformações contemporâneas” [22]. Segundo o Secretário da Educação e Desporto de Novo Hamburgo, professor Adelmar Alberto Carabaja.

Os princípios da gestão democrática do sistema educacional devem ser permeados nas eleições diretas para diretores, criação de conselhos escolares, autonomia político-pedagógica e autonomia financeira.

Todos os membros da comunidade escolar devem participar das decisões envolvendo a escola, cabendo à equipe diretiva estimular e assistir essa participação. Juntos devem criar condições que garantam no espaço social o exercício da cidadania dando fundamental acesso e permanência de todos no ambiente escolar. E nesta caminhada, este acesso e permanência visam o sucesso da educação em todos os aspectos.

 Deve-se considerar também nessa caminhada a instabilidade e a variação do processo. Saber lidar com as constantes mudanças, com dinamismo, enfrentando os desafios, imprevistos e incertezas, com coragem para fazer rupturas, abandonando os “pré-conceitos” e práticas tradicionais. É importante também sabermos nos posicionar frente às reações variadas, resistências e diferenças no meio em que atuamos.





1.5 Atitudes do professor para se estabelecer uma relação de parceria com os pais












Segundo Micheli (2007), a criança é quem mais será influenciada com a relação de parceria entre os pais e a professora. Acredito que este foi um dos fatores, pelo qual ao final do projeto realizado, todas as crianças com que consegui estabelecer esta parceria, demonstraram ter crescido no processo de construção da linguagem verbal, bem como em outros aspectos.





















2 DESENVOLVIMENTO DAS EXPERIÊNCIAS






Durante todo o processo de desenvolvimento do Projeto de Estágio, algumas questões surgiram e acompanharam-me na turma na qual trabalho, e despertaram-me o interesse em estudar a respeito:




·                    De que forma os professores, os pais dos alunos e escola como um todo, podem construir uma relação que possibilite o desenvolvimento de propostas pedagógicas, projetos e planejamentos de aulas?


·                    De que forma construir um diálogo com as famílias com relação ao resgate de suas funções na vida dos filhos?



Foi necessário planejar atividades relacionadas ao desenvolvimento da identidade, desenvolvimento da autonomia, relação com o outro, socialização, adaptação e senti a necessidade de estabelecer uma relação mais profunda com os pais no desenvolvimento do Projeto do estágio, quando percebi a importância das funções da família no desenvolvimento da oralidade nas crianças. Um exemplo da necessidade de parceria entre pais e professora no desenvolvimento de projeto de ensino aprendizagem, é uma atividade[23] que está planejada na 4ª semana do estágio, onde foi solicitado que as crianças trouxessem garrafas pets para a aula para confeccionarmos os sopradores. Estes brinquedos importantes no exercício do fortalecimento da musculatura facial, os pais foram mandando aos poucos, nem todos no mesmo dia e a atividade teve     que ser re-planejada. Aliás, esta atividade só foi possível de ser realizada porque um pai trouxe garrafas pets em número equivalente ao número de alunos da turma.









 


2.1 Reuniões






Em reunião, apresentamos aos pais todo o processo de desenvolvimento, as observações, descobertas, angústias, aprendizagens e estudos feitos com relação ao desenvolvimento do projeto de estágio aos pais. Tivemos a participação ativa de 65% dos pais dos alunos na reunião, encantados pelo trabalho desenvolvido. Acredito que foram alcançados todos os objetivos que ao longo do processo fui vislumbrando. Tivemos também a contribuição da fala da fonoaudióloga Mariane Plegge dos Santos, que atende toda a rede municipal de Novo Hamburgo.

Aproveitei também o evento em comemoração ao dia das mães, realizado na escola, para conversar com as mães sobre a importância de construir uma relação de parceria entre pais e a professora, para o alcance dos objetivos no projeto do estágio. Falei de algumas mudanças de atitudes com as crianças nesta faixa etária para a construção da linguagem, do desenvolvimento da autonomia e de criar situações na família que levem as crianças a terem a necessidade de verbalizar seus desejos e emoções. Conversamos sobre a importância de colocar a criança como sujeita no diálogo.

 




2.2 Diálogos com os pais e familiares na entrega e retirada das crianças na e da escola






A intenção desde o princípio em conhecer a realidade familiar das crianças e em estabelecer esta relação de parceria com os pais não foi só trazer os pais em um diálogo que estruturasse meus estudos com informações, mas em considerá-los protagonistas do processo de desenvolvimento do projeto. “Vamos tratar também de devolver à família a possibilidade de pensar, de fazerem-se perguntas, de questionar-se, de refletir” (FERNÁNDEZ, 1990, p. 30).

Para Micheli (2007) é muito importante que o professor compreenda os motivos pelos quais os pais colocaram a criança na escola e os sentimentos em “deixarem” seus filhos relacionarem-se com outros adultos, sem serem eles e, ainda perceberem o carinho e preocupação destes adultos com seus filhos, muitas vezes em nada perdendo para os seus próprios sentimentos e preocupações. Em minhas experiências percebi algumas vezes até sentimentos de ciúmes e disputas entre pais e professora. No caso da aluna E. (três anos), mencionada nas reflexões semanais do estágio por diversas vezes, os diálogos relâmpagos nos horários de chegada e saída da escola, foram fundamentais. Era uma aluna que apresentava dificuldades de adaptação, ao mencionar a minha preocupação com a mãe, ela disse que observou a mudança também em casa, que ela está agressiva e triste. Parece estar em fase de readaptação... Mais tarde conversei com a mãe e ela manifestou algumas angústias familiares. Encaminhei-a para uma conversa com a psicóloga. Entre outras constatações, a mãe estava com um sentimento de culpa muito grande em estar trabalhando fora e ter que levar os filhos para a escola. Deixou escapar que a menina estava dormindo na cama dos pais e nas conversas foram feitas algumas combinações e gestões de como agir diante da situação.  Hoje a criança está totalmente adaptada. Neste sentido, “proporcionamos aos pais um espaço e um tempo para sentir e pensar, em que possam ver-se a si mesmo individualmente, como casal e como grupo familiar” (FERNÁNDEZ, 1990, p. 30).




Já o aluno “A”, três anos, que não falava, parecia não estar presente, pelo menos não conscientemente. Não percebia quando era chamada a sua atenção nem mesmo pelo nome. Quando não tinha como não perceber, como por exemplo, frente à professora enquanto esta escovava seus dentinhos, ficava apenas quieto sem verbalizar absolutamente nada. Em momento extremamente necessário a sua manifestação, fazia movimentos com a cabeça, negativos ou positivos. Numa situação em que fez uma avaliação com a fonoaudióloga[25], ela me deu retorno dizendo que não havia feito nenhuma conclusão, pois ele não havia verbalizado nada. Foi neste momento que percebi que eu mesma deveria fazer algo e passei a observá-lo, fazendo anotações e minhas próprias reflexões. Intuí, pelas conversas com a mãe e analisando o seu comportamento que ele precisava construir as suas relações com os colegas. Passei a criar oportunidades e estratégias para ele brincar com um ou outro coleguinha e ele começou a falar sendo impelido pela necessidade em comunicar-se. Já que colegas que falavam esperavam dele a postura de sujeito na relação. Hoje é uma criança que participa das conversas na rodinha, conta situações ocorridas em casa, conversa com os colegas tranquilamente sem representar nenhuma dificuldade em sua linguagem verbal.


 




2.3 Entrevistas para conhecer um pouco da realidade familiar dos alunos






No mês de março do corrente ano, foi realizada uma pesquisa com os pais dos alunos da turma em que realizei o estágio, com o objetivo de conhecer um pouco mais a realidade familiar dos meus alunos. Pouco mais de metade do número de pais responderam a entrevista, 15 dos 21 alunos. Destes, quatro já haviam completado três anos e 11, completariam até o final do ano letivo de 2010. A maioria dos alunos mora perto da escola e em casa própria (seis das 15 entrevistas). Um entrevistado deixou a questão em branco, dois moram perto e em casa de aluguel, dois longe e em casa de aluguel e quatro dos entrevistados moram longe e em casa própria. As famílias dos alunos entrevistados são compostas na maioria por quatro membros (sete dos entrevistados), na sequência há cinco alunos com a família de cinco membros e três alunos com a família composta por três membros. Dois dos alunos têm os avôs morando junto, apenas uma aluna tem os pais separados e a mãe é a única responsável pela família. A maioria dos pais e/ou responsáveis pelo sustento das famílias trabalha em empregos formais, com carteiras assinadas em indústrias ou comércios na cidade de Novo Hamburgo (nove dos 15 entrevistados). Apenas seis dos 15, trabalham em empregos informais, como autônomos para as indústrias, em empregos domésticos e na área de prestação de serviços. Quanto a ter uma religião, oito responderam ser evangélicos, um não respondeu e seis responderam ter a religião católica. Quando a pergunta se refere às participações em algum evento e/ou grupos sociais, dois não responderam, dois responderam que apenas os familiares, uma resposta foi apenas os que se referem à igreja, seis respostas foram negativas, que participam de qualquer evento ou grupo social e dos quatro que participam de festas, dois responderam que são às tradicionais gauchescas. Ou seja, a maioria dos alunos entrevistados faz parte de famílias que não participam de nenhum evento ou grupo social, se participam são os que se referem à família, igreja e rodeios. Isso me leva a acreditar que a escola ainda é, se não a única, uma das poucas referências de grupo social que os alunos participam. O que me leva ainda a pensar que os pais dos alunos que não entregaram as entrevistas, podem pertencer às famílias que, têm seu núcleo fechado à participação em sociedade, nem mesmo a escola de seus filhos (apenas uma observação minha baseada nas experiências profissionais e enquanto observadora). Isso também me reporta à pág. 15, ainda deste, onde me refiro à “Compreensão mais abrangente do momento histórico em que estamos vivendo”. Chamou-me a atenção particularmente as respostas da pergunta que se refere á descendência da origem familiar, a maioria dos entrevistados não responderam a pergunta ou demonstraram não saber a suas origens, sete dos 15 entrevistados. Um tem origem polonesa, dois responderam origem alemã, um, branca, um brasileiro e três entrevistados apontam como descendências, origem alemã e africana, italiana e indígena. Representa-me que os que possuem origens negras e uma mistura de mais de uma descendência, por razões desconhecidas a mim, não têm claro a resposta ou preferiram não responder. Acredito que isso se deve ainda ao preconceito racial e esta constatação é apena uma observação minha. Quem tem descendência branca e indígena, responde com firmeza, porém quem tem descendência africana, as respostas apresentam certa insegurança. Quanto à pergunta sobre como foi o período de adaptação da criança na escola, a maioria das entrevistas apontam como bom tranquílo e positivo, 12 das 15. Três dos entrevistados não responderam a esta pergunta. Acredito que são inúmeros os motivos, entre eles, podem não lembrar-se, não saberem ou até mesmo ter representado ser negativo e não se sentiram à vontade para responderem de forma crítica (também observações minhas).

Na pesquisa sócio-antropológica, realizada com os pais e familiares em uma visita à casa das crianças, pelos professores, orientados pela Secretaria Municipal de educação (SMED) de Novo Hamburgo e com o objetivo de conhecer o que os pais das crianças ou seus representantes, esperam da escola de seus filhos e de que forma acreditam ser possível, construir uma relação de cooperação, no processo educacional. Foram entrevistados 40% dos alunos da escola, a receptividade foi muito boa. Os pais têm interesses nos assuntos relacionados aos seus filhos e a escola em que estão inseridos. Foi possível compreender alguns aspectos do meio em que a criança vive e através das reflexões, contemplar as mudanças necessárias no dia a dia na escola, facilitando o desenvolvimento dos projetos pedagógicos, bem como, ser facilitador na construção das aprendizagens e saber como agir frente aos conflitos e desafios relacionados a cada um. Ter algumas noções da realidade vivida pelas crianças auxiliou na compreensão das emoções expressas pelos alunos, inclusive no período de adaptação. Embora as pessoas sejam diferentes uma das outras, as respostas às perguntas, têm em sua maioria, uma conotação cultural. Por isso me referi anteriormente ao período histórico em que estamos vivendo. A partir do conhecer um pouquinho mais da vida dos alunos, passamos (as professoras) a ter um diálogo mais intenso com os pais, especialmente auxiliando-os a buscar na teoria, o entendimento para resolver conflitos. Tendo como referencial a teoria psicogenética de Piaget. De forma muito mais intensa, passou-se a respeitar os pais, ouvi-los para conhecer as suas opiniões e ter no diálogo com estes, um importante recurso para resolver os problemas e superar desafios.

 Quando questionados sobre o futuro esperado para os seus filhos, a maioria respondeu que desejam que sejam homens e mulheres de bem.

Ao apresentarem suas opiniões em como a escola pode ajudar no futuro dos filhos, as respostas foram: na educação, na aprendizagem, ensinar a repartir, a conviver com os outros, trabalhando juntos, escola e famílias na construção de valores.

Porém quando a questão foi em de que maneira os entrevistados podem ajudar a escola, as respostas foram: Colaborando, ajudando nas promoções, contribuindo com a mensalidade espontânea.

E, como a escola pode melhorar a vida da comunidade, as concepções dos pais e das famílias das crianças, é de que já está ajudando e ensinando, atendendo mais as crianças em turno integral com mais escolas de Educação Infantil no bairro, conversando sobre as necessidades além dos espaços escolares.

Quando a questão é de como a comunidade pode ajudar na educação das crianças, responderam que é ensinando boas maneiras para os filhos, ajudando os professores, cada um fazendo a sua parte, família e escola, dando bons exemplos aos filhos, exigindo mais da prefeitura, manutenção e acesso à escola para todos.

Agora, de que forma os pais ou as famílias podem colaborar com a escola, responderam que participando nas reuniões, atividades e promoções, construindo parcerias para ajudar.

E para que as crianças tenham sucesso na escola, disseram que se os pais participarem das reuniões, ajudarem na contribuição mensal, lerem os recados nas agendas, conversarem com a professora regularmente e fizerem trabalhos voluntários, este sucesso tem maiores garantias de ser alcançado.

Percebi que na maioria das entrevistas, as noções de que estabelecer uma relação de parceria entre pais, professores e comunidade escolar como um todo, são concepções de sucesso na educação como um todo.

Os pais foram questionados também, quanto ao que acreditam que o seu filho deve aprender na escola e responderam que são os valores como: boas maneiras, convivência, socialização, repartir e limites. Quanto à importância de conversar com seu filho e em que momento este diálogo deve acontecer, disseram que acreditam ser importante e todos os dias, de noite, antes de dormir, no caminho de volta da escola, dialogando, explicando as coisas, incentivando nas atividades, etc. É muito importante conversar para ter confiança, segurança e esclarecimentos e poder orientar.



 


2.4 O dia-a-dia da criança na escola, visível aos pais






No sábado anterior ao dia das mães, segundo domingo de maio do corrente ano, tivemos na escola um encontro[26], onde foi apresentado às mães, fotografias e filmagens de muitas situações vivenciadas pelas crianças em sua rotina escolar. Além de vídeos e fotos de seus filhos em diferentes situações do dia-a-dia, perceberem a escola como um lugar aconchegante e seguro em que seus filhos também são felizes e muito amados. Acredito que isso é importante na construção do conceito de escola que as crianças vão construindo para um desenvolvimento tranquílo. Ou seja, tudo correu bem, então. Os objetivos foram alcançados, mesmo que de forma não tão controlada e orientada porque com as crianças e mães juntas, “quem manda é as crianças”. E, são elas que nos dão as dicas das diretrizes mesmo que nós adultos somos quem têm as possibilidades das ações. O relacionamento entre pais e professores, depende muito das “expectativas, representações sociais e experiência pessoal da escolarização dos pais, que por sua vez, derivam de seu nível social” (OLIVEIRA, 2002, p. 177).

Acredito que alguns pais vêem os professores ou como rivais na disputa de quem está certo ou errado na educação de seus filhos, ou como figuras de autoridade que sabem e controlam as famílias. Também acredito que os professores, muitas vezes tem considerado os pais como alguém que pouco ou nada compreende de educação.

Oliveira (2002, p.179) diz que as dificuldades e desafios que encontramos em construir uma relação harmoniosa e de parceria com os pais de nossos alunos, tem haver com o fato de que “os pais fazem muito mais para as crianças do que com as crianças. Por isso a conotação de sacrifícios e peso em vez de satisfação”.

 Quando a professora busca estabelecer um vínculo de parceria no desenvolvimento de um projeto de aprendizagem, não é raro as vezes que houve os pais dizerem que não têm tempo para os assuntos relacionados à escola. Tenho um caso da aluna E relatada em diversas situações no relatório do estágio e neste texto que[27], em uma das tentativas da psicóloga J em estabelecer um diálogo com os pais, a aluna chorava muito na escola, o pai pediu que ela, escrevesse na agenda o que queria que ambos, ele e a mãe, conversassem. “Sabe como é, a vida está tão corrida que a gente não tem tempo de conversar”. Concluí a partir dessa fala que pai e mãe não conversavam em casa. Hoje esta aluna não tem mais problema com a adaptação na escola, porém, o diálogo entre escola e “pais” foi estabelecido apenas com a mãe (menciono a preocupação com a aluna no segundo parágrafo da 4ª reflexão dos relatos do estágio).[28] Uma boa relação de parceria com os pais se constrói tendo como princípio o respeito e compreensão. Manter sempre o diálogo oportunizando os pais a trazerem suas dúvidas e insatisfações. A escola, de sua parte busca ampará-los em suas expectativas e juntos refletirem. O bom senso é sempre o melhor caminho e juntos caminharem, abertos aos desafios a serem superados na medida em que estruturam uma relação de co-autores na educação das crianças.



























































 


 


3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS




É imprescindível que na educação, família e escola andem juntos, sem com isso confundir as funções de cada uma na formação integral da criança, parceiros enfrentando e superando os desafios. A família com a educação informal, no cultivo dos valores enquanto a escola com a educação informal, segundo Cestari[29] (2009), colaborando com o “crescimento intelectual, cultural, social, cognitivo, crítico, científico e espiritual”.


Mesmo durante o desenvolvimento do estágio pude perceber as transformações no desenvolvimento dos meus alunos que não falavam e passaram gradual e rapidamente a falar. Segue um relato referente à 9ª semana do projeto[30]:

Observei o “V” brincar e se expressar vendo sentido, alegria, tristeza, desapontamentos e satisfações. Percebi-o cantando e falando, mesmo que por imitações nas músicas, sílabas que antes ele não pronunciava. Tenho observado a “T” brincar com a “M. S” e rindo sozinha por ter uma amiga. Está no nível em que brinca apenas com uma coleguinha e não aceita a intervenção de mais ninguém, como se a amiguinha fosse sua, mas, comunica-se, inventa, representa. Quando percebe que estou observando, ri escondidinha, feliz por estar vivendo a escola. Antes de iniciar o projeto de estágio cheguei a pensar em traços de autismo e hoje, observo uma criança interagindo e tendo consciência desta mudança. Percebo que ela tem esta consciência pela forma que ela reage quando vê que estou analisando. Sei que ela sabe o que está acontecendo, que está mudando e interagindo com os colegas. Imagino também que, quando ela se isolava e até mesmo não se comunicava com ninguém, também tinha esta consciência e por isso era uma criança reprimida e não sorria.

Constatei, também, que é necessária uma permissão da criança para ela “se abrir”, “dar margem”, querer interagir. Enquanto a criança não se permite a socialização não acontece. “É necessário dizer sim”. À medida que meus alunos foram aceitando ouvir, responder, fazer parte de e permitir que os outros façam parte de seu mundo, foram crescendo nas situações que os conceituam como indivíduo social e começaram a falar.

Entre uma observação e outra referente à construção da linguagem das crianças que foram minha inspiração no projeto de estágio, as mudanças visíveis de comportamentos, socialização, adaptação e desinibição nas inter-relações, posso acrescentar algumas novas aprendizagens, como por exemplo, a consciência de um mundo fora de si mesma. As crianças estão aumentando o nível de percepção dos fatos acontecendo em seu meio. Nas conversas e descrições de situações que acontecem em casa, as alegrias, vibrações, ter que falar a respeito de, tem estimulado um movimento de acomodar as informações captadas, bem como comparar com o que os colegas tem contribuído nas conversas e somar com o que as professoras estão trazendo como informações, junta isso as próprias conclusões e temos aprendizagens, novos conhecimentos e mudanças na forma com que as crianças estão se relacionando em grupo. Todas as estratégias criadas para individualmente desenvolver o projeto na turma também têm sua origem nas entrevistas e conversas com os pais das crianças. PLANEJAMENTO E REFLEXÃO: NONA SEMANA 

Com base nas respostas dos pais nas pesquisas realizadas, constatei que a turma FEC[31] dois (turma de crianças na faixa etária de dois anos de idade) tem um perfil em que a maioria dos alunos tem uma vida financeira estável, onde moram em casa própria, com seus pais (pai e mãe), com empregos formais de carteira assinada, tem família relativamente pequena com poucos irmãos (um ou dois), cuja religião divide-se em católica e evangélica e as participações em algum grupo social se restringe à igreja e eventos familiares. Os pais são jovens e com poucos anos de casamento, dois últimos dados são baseados em minha observação, os conheço porque são pais de meus alunos. Percebo que os pais que têm alguma insegurança na escola, têm como base, experiências vivenciadas por eles mesmos ou por parentes e conhecidos, quando há no máximo duas décadas atrás, a Educação Infantil ainda era vista como assistencialista, muitas vezes as educadoras eram “tias” com pouca ou quase nenhuma formação. Ainda é muito recente a idéia de que Educação Infantil é a primeira fase da educação básica. Somente com a Constituição de 1998 é que a educação de zero a seis anos é vista com uma conotação educativa. É na lei de Diretrizes e Bases/1996 que a Educação Infantil deixa de ser tratada como assistencialista para adquirir o conceito educativo.[32] Percebo que a maioria dos pais demonstra deixar seus filhos na escola porque precisam trabalhar e não têm com quem deixar as crianças, vêem a escola como assistencialista, cobram dos professores diariamente dados de como seus filhos passaram o dia, se comeram, se algum coleguinha bateu em seu filho, etc. Já os pais que demonstram matricular seus filhos na escola com a intenção de que ele tenha uma educação integral, como complemento de suas funções, aliás, consciente de suas funções, estão mais abertos o diálogo e a construir uma relação de parceria com os professores na vida escolar de seus filhos. Isso é possível perceber no dia a dia da escola e com a convivência com a família na escola. Isso porque a Educação Infantil surgiu com a mulher no mercado de trabalho. Inicialmente a escola foi compreendida como substituta das mães provocando a desvalorização dos profissionais da Educação Infantil. Ainda é possível se perceber traços dessa cultura, eu diria pejorativa do verdadeiro papel da escola na formação e desenvolvimento das crianças, nas respostas da última entrevista feita com 40% dos pais dos alunos. Quando esperam, na maioria dos entrevistados, que a escola eduque seus filhos para que sejam homens de bem (valores) e, que ensinem a se comportar de forma disciplinada. Quando se questionou de que forma escola pode ajudar as famílias e vice-versa, responderam na maioria que os pais ajudam indo nas reuniões e pagando a mensalidade espontânea ou ajudando nas ações da escola em angariar fundos. A maioria dos pais parece desconhecer totalmente o verdadeiro papel e formação dos professores na educação infantil. Acredito que esta consciência ou falta de é resultado de uma cultura, pois até mesmo pessoas intelectualmente admiráveis, não têm claro o que é a educação infantil. Um dia desses ouvi uma colega professora, na área do ensino fundamental séries iniciais, dizer que “agora que estou na educação infantil, estou descansando um pouco”. Ainda que sejamos os desvalorizados, ainda que sejamos quem sofre os preconceitos, somos os que ainda podem e devem lutar e buscar o reconhecimento devido, ao nosso trabalho de educadores, bem como construir um conceito sólido e confiável.

Para registrar a culminância do projeto de estágio: Oralidade foi realizada uma apresentação[33] em PowerPoint para os pais. Apresentamos todo o processo de desenvolvimento do projeto, as constatações, angústias, aprendizagens e estudos feitos com relação ao desenvolvimento da oralidade na faixa etária de dois anos de idade. Tivemos a participação de 65% dos pais dos alunos de minha turma. Participaram ativamente, encantados pelo trabalho desenvolvido. Acredito que foi alcançado todos os objetivos que ao longo do processo fui vislumbrando. Tivemos também a contribuição da fala da fonoaudióloga Mariane Plegge dos Santos, funcionária da rede municipal de Novo Hamburgo que atende todas as escolas da rede. Interessante que a fala dela, em relação com a minha, se encaixaram como eu desejava, tendo ela como um suporte de especialista. A prática "casando" com a teoria na busca de compreendermos esta fase de desenvolvimento em que meus alunos encontram-se. Tenho certeza que os pais saíram da reunião com a certeza que tem em nós educadores o respaldo para a função da formação integral de seus filhos. Senti isso também, da minha parte como professora, além de manifestar meu desejo de um trabalho conjunto com a família, perceber que posso contar com eles em meu ofício de educadora de seus filhos.

O aluno “R” é um menino de três anos, filho único e vinha apresentando um comportamento que parecia exigir limite, talvez pela ausência dos pais estivesse querendo chamar a atenção. Conversei com a mãe que vinha tendo algumas dúvidas em relação às professoras porque o menino não queria mais vir à escola. Baseada em nossa conversa pedi um voto de confiança e que na educação em casa apresentassem mais limites ao filho, enquanto deliberassem a ele a autonomia e responsabilidade em funções básicas como comer sozinho, ajudar a se vestir e colocar seu calçado, guardar seus brinquedos, etc. Na semana seguinte o menino voltou a ter tranquilidade, interesse pela escola e demonstrando alegria em ser observado como “um bom menino”. Passei a fazer elogios, justos por sinal, em sua agenda e a parabenizá-lo pelas atitudes legais que vinha demonstrando. Este é um exemplo típico de que uma boa conversa com os pais de nossos alunos pode render transformações positivas. Micheli (2007) nos dá o exemplo que, os professores, não devem ficar se queixando das “atitudes que consideram inadequadas” (p. 6) aos pais com relação às crianças e sim, “permitir o diálogo, pois estes conflitos só serão resolvidos se tiverem espaços para eles serem discutidos” (p. 6).













4 CONSIDERAÇÕES FINAIS







Enquanto docente, sempre observei que os projetos realizados com meus alunos, tinham melhores resultados quando construía uma relação de parceria com os pais dos alunos ou quem representasse esta função. Ao realizar o estágio na Educação Infantil esta relação de parceria ganhou um âmbito ainda maior. Em uma turma de alunos na faixa etária de dois anos de idade, com características específicas no seu desenvolvimento, em que, ainda dependiam bastante dos adultos. Por estarem em fase de construção da linguagem, família e professora precisaram ainda mais estabelecer esta relação de parceria. Quando busquei referenciais teóricas para embasar o projeto de estágio, fui percebendo a necessidade de transmitir aos pais, minhas reflexões teóricas e práticas. Os estímulos para a construção da linguagem dos alunos requeriam um trabalho em conjunto num processo de parceria.

 Foi necessário estabelecer uma relação de confiança com os familiares que respondiam pelos alunos nas questões relacionadas à Escola criando situações de atenção individualizada, como por exemplo, as conversas na chegada e saída da Escola. Estes, não demonstravam ter muito tempo para dispor, deixavam e buscavam as crianças na escola rapidamente, sempre “na correria” do dia a dia. Foi importante criar diferentes formas que possibilitaram o diálogo nesta relação, tanto mais houve, mais a viabilidade de um dos recursos ter sido o apropriado para esta ou aquela família. Particularmente preferi a conversa “cara a cara”, puderam-se desfazer muitos mal entendidos dando abertura para que os pais expusessem suas dúvidas com relação a nós professoras e Escola.

Conforme os fatores que influenciaram na relação entre mim e os familiares, os quais cito, neste trabalho, o caso em que um aluno não demonstrou ter desenvolvido a linguagem verbal durante o projeto, uma das causas, pode ter sido, o fato de não ter estabelecida esta relação. Foi difícil a troca de informações e conhecimentos, traçar estratégias que possibilitassem o processo de aprendizagem do aluno e ter oportunizado situações para que ele viesse a aprender a falar. Na falta desta parceria, houve poucas opções para a construção e intervenção no processo, já que o aluno faltou muito às aulas e este também pode ter sido um dos fatores pelo qual não foram alcançados os objetivos. Foram muito poucos os momentos em que pôde participar no projeto de estágio. Este, elaborado numa lógica de atender as necessidades de cada criança, oportunizando o crescimento em todos os aspectos relacionados à fase de desenvolvimento cognitivo que se encontravam.

Quanto à relação entre mim e os familiares, acredito que os seguintes fatores como as influências sócio-históricas, as experiências particulares com as creches e os motivos pelos quais matricularam as crianças na escola, influenciaram nesta parceria. Quando estes se apresentaram de forma negativa, coube a nós professoras mudar estas concepções através de ações que conquistaram a confiança e respeito dos pais.

A Educação Infantil na condição de instituição familiar ou escolar promove além dos cuidados específicos a cada faixa etária da criança, a formação de sua personalidade. Foi importante que as funções de educadora e familiar estivessem integradas, definidos claramente o papel de cada um e juntos construirmos uma parceria para o desenvolvimento integral das crianças.

Ficou claro para mim que nos casos em que as crianças apresentaram dificuldades no desenvolvimento da linguagem e que foi possível construirmos uma relação de parceria entre professora e pais e/ou familiares, que este foi um fator importante para as práticas educativas que possibilitaram às crianças vivenciar situações que contribuíram para o alcance dos objetivos do projeto. As crianças passaram a demonstrar maior autonomia, desenvolvimento da identidade, da comunicação verbal e uma postura confiante. Foram tão nítidos os resultados que todos nós os professores e funcionários da escola, conversamos e fizemos observações quanto às mudanças, antes e depois do projeto.

No desenvolvimento da oralidade em crianças na faixa etária de dois anos de idade, um conjunto de outras estruturas cognitivas faz parte deste contexto na construção das aprendizagens, entre as já citadas, a relação com seu próprio corpo e com o ambiente, nos grupos sociais (relação com o outro), etc. Nestes processos a boneca Kika foi um recurso facilitador. Foram os familiares que auxiliaram na construção da boneca, costurando-a até sua total formação. Eles também contribuíram estimulando as representações da personagem conforme a necessidade, de acordo com o conteúdo e tema que estava sendo trabalhado na escola. Ex: Copa Mundial de Futebol, nascimento de um bebê, retirada das fraldas e chupeta, aprendizagem das cantigas, cores, noções de quantidade, projeto de leitura com “a biblioteca da Kika”, na construção de valores como solidariedade, amizade, diferentes constituições familiares, etc. Como a boneca visitou as casas das crianças, os familiares tiveram de se engajar juntos em cada nova situação do projeto de ensino. Nas atividades realizadas, na construção de jogos e brinquedos com sucatas, com os objetivos de exercitar a musculatura facial e auxiliar no processo de adaptação e socialização das crianças, os pais colaboraram coletando garrafas pets e outros materiais. Aprenderam como utilizar estes recursos também em casa auxiliando no processo da construção da linguagem. Quanto às dificuldades de algumas crianças em comunicar-se oralmente, estavam relacionados fatores como, à adaptação e relação com o grupo. Os diálogos com os familiares foram muito importantes para juntos, proporcionarmos às crianças, vivências que auxiliaram na construção dessas relações com o próprio corpo, com os outros e com o ambiente. À medida que íamos conversando com as famílias, estes passaram a ver as crianças em formação e não mais como uns bebês, facilitando, assim, o desenvolvimento da autonomia. Colocando-os como interlocutores nos diálogos e a considerá-los como indivíduos nas inter-relações. Em alguns casos, foi necessário mudanças de hábitos e atitudes familiares, como, oferecer às crianças mais alimentos sólidos para o fortalecimento da musculatura facial, por exemplo. Os familiares eram lembrados disso quase que, diariamente.

 Nos eventos e projetos em que se contou com a colaboração dos familiares, estes se fizeram presentes possibilitando a construção dessas parcerias como por exemplo: da Páscoa, o rodeio crioulo (ensaio das trovas em casa com as crianças), recepção nas casas para as entrevistas, dia das mães (presente para as mães), autorização para saídas e passeios pedagógicos, envio das frutas para a salada de frutas na escola, comprometimento em devolver os livrinhos regularmente (maleta da Kika), participação nas oficinas em comemoração ao aniversário da escola, dia da família na escola e outros. Acredito que pela faixa etária, sem a parceria com os pais seria difícil a realização do projeto. Estes foram muito importantes para o processo e alcance dos objetivos.

O que pôde favorecer o desenvolvimento das crianças é todo um contexto o qual fizeram parte o meio, as condições, circunstâncias e possibilidades oferecidas pelos adultos. Como familiares e professoras, fomos os mediadores e diante das dificuldades que surgiram no processo, juntos discutimos as formas para a superação dos limites e desafios. Com isso as crianças adquiriram segurança e auto-estima, confiantes de que poderiam contar conosco. Quando passaram a acreditar nas possibilidades, elas ultrapassaram os limites de algum possível bloqueio na construção da linguagem. Segundo Micheli, 2007, mesmo que na maioria das vezes, ficamos sem saber a origem desses bloqueios, o desenvolvimento da criança se dá em uma rede de relações e de significados e por isso, é importante a existência de trocas de informações entre pais e educadores.

Também foi muito importante ter a sensibilidade de observar possíveis problemas na relação dos pais com a criança ou problemas dos próprios familiares que foram atribuídos à criança. Na medida do possível, estabelecer parcerias com outros profissionais em outras áreas dos conhecimentos, como, por exemplo, psicólogo, fonoaudiólogo, etc. Inclusive a do profissional dentista para auxiliar no diálogo com os pais das crianças que ainda faziam uso da chupeta e alguns casos de crianças que não tinham uma alimentação sólida, tendo com isso uma musculatura facial flácida, um dos fatores pelos quais, as crianças retardam a fala.

Quando os pais perceberam o interesse dos professores ou até mesmo da Escola como um todo em querer desenvolver um trabalho com vista, o melhor para a criança demonstraram querer comprometer-se mais para compreender como poderiam auxiliar no processo de desenvolvimento integral de seus filhos. Percebi isso à medida que solicitava a cooperação nas atividades desenvolvidas no projeto e no retorno aos pais das conquistas e pontos positivos.

Recentemente postei uma reflexão em meu blog[34], que trata da busca por referências teóricas para o TCC e relatório do estágio, quando um dos critérios para o projeto era nos reportarmos aos conteúdos estudados no curso PEAD, senti bastante dificuldade por não identificar o tema “o desenvolvimento da oralidade em crianças na faixa etária de dois anos de idade”, nos textos estudados. Senti-me incomodada quando recebia por parte dos professores e tutores sutis mensagens e comentários buscando perceberem uma relação entre o projeto de estágio, reflexões, relatório e os conteúdos trabalhados nas interdisciplinas do curso.

A princípio pensei que o tema oralidade na Educação Infantil não tinha sido abordado, porém o que me incomodava era ter certeza de que os conteúdos do curso foram responsáveis por minhas aprendizagens, mesmo em um tema, o qual não foi estudado com maior profundidade. Voltando hoje aos conteúdos estudados no curso, especificamente no eixo VI, percebo que minha formação foi construída em aspectos mais abrangentes. Por exemplo, na interdisciplina de DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM SOB O ENFOQUE DA PSICOLOGIA II – B[35], na primeira atividade solicitada refletimos sobre conhecimento, como ocorrem as aprendizagens e como acreditamos que deve ser o ensino nas escolas. Não há como não utilizar os estudos feitos em um conteúdo como este, por exemplo, quando trabalhamos qualquer desenvolvimento e aprendizagem com as crianças.

Sendo assim, mesmo que os conteúdos estudados no curso não pareceram, a princípio, tratar do tema desenvolvido no estágio (oralidade) e no TCC (relação entre pais e professora), compreender como se dá o processo de construção das aprendizagens nas crianças, favoreceu-me para saber como incluir a família do aluno no desenvolvimento dos projetos de ensino. Fez-se necessário explicar aos pais como a criança constrói o conhecimento e de que forma o ambiente familiar pôde estar colaborando.

Com base em minhas experiências, é sempre possível haver em uma turma de alunos, àquele em que os pais e familiares não exercem suas funções, cuja relação de parceria nos projetos de ensino não seja estabelecida e ainda haver a possibilidade deste, apresentar dificuldades nos processos de aprendizagens, acredito que o professor necessite buscar outras parcerias com outros profissionais, dentro e fora da escola, definir outras estratégias de ações para que a criança seja atendida nas suas especificidades, na construção das aprendizagens.





 


REFERÊNCIAS




















FERNÁNDEZ, Alícia. A Inteligência Aprisionada- Abordagem psicopedagógica Clínica da Criança e sua Família. Tradução: Iara Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1990.















GANDIN, Adriana Beatriz; FRANKE, Soraya Silveira. A organização de projetos na escola: Um sonho possível. Edições Loiola: São Paulo, 2005.





GOULART, Janete de Aquino. Aprendizagem e não aprendizagem. Ijuí-RS: UNIJUÍ, 1996.













MATURANA, Humberto; GOULART, de Aquino Teresinha Janete. As bases biológicas. Aprendizagem e Não-Aprendizagem – Duas Faces de um mesmo processo? Ijuí: Editora Unijuí, 1996.





NOGUEIRA, Micheli Lima. Comunicação entre pais e educadores: Refletindo sobre a experiência de uma turma. Universidade Federal do rio Grande do Sul, disciplina de EDU 02003, conclusão do curso de Pedagogia. Porto Alegre, 2º semestre de 2007.















PIAGET, Jean. Desenvolvimento da Linguagem Humana, pág. 55. ULBRA, Curitiba, IBPEX, 2008.















SANTOS, Avacir Gomes dos. Projeto Pedagógico: A Busca Da Totalidade Do Conhecimento Escolar. Volume VII. ANO II, Nº109 – Agosto, ISSN 1517-5421. Editor: Nilson Santos. Editora: Universidade Federa l de Rondônia. Porto Velho, 2003.





















APÊNDICE A - Entrevista com os pais para levantamento de dados




EMEI BRANCA DE NEVE 

Querida família: Estamos enviando este questionário para fins de coletar dados necessários para o preenchimento dos documentos referentes ao estágio da professora Elisângela no curso de pedagogia na UFRGS. Não é necessário assinar ou mencionar nomes por serem perguntas para fins estatísticos. Agradecemos com carinho, pois, conhecer a realidade de nossas crianças nos dá subsídios para melhorar nosso trabalho.



1.            Idade da criança:- -----------------------------------------------------

2.            Qual a distância da escola e sua casa? Perto? Longe? Casa própria ou aluguel?-----------------------------------------------------------------

3.             Quantos moram na casa?------------------------------------------

4.             Liste quem é: (mãe, etc.)

a----------------------, profissão:--------------------------------escolaridade---------

b----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------

c----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------

d----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------

e----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------

f-----------------------, profissão---------------------------------escolaridade---------

5. Local de trabalho dos pais ou responsáveis:

6. Religião:

7. Participam de alguns eventos, festas, etc.? Quais?

8. Origem familiar, descendência:

9. Atividades que a criança e a família participam fora da escola:

10. Tempo de permanência na escola (integral meio turno?)

11. Período de adaptação da criança, como foi?



Profª Elisângela R. G. e-mail el.is.garcia@hotmail.com, http://elisufrgs.blogspot.com/ 





 APÊNDICE B - Pesquisa sócio-antropológica 2010




EMEI BRANCA DE NEVE



Nome do (a) aluno (a):

Turma:

Pessoa (s) entrevistada (s):

Parentesco:

Grau de escolaridade:

Número de pessoas da residência:

Endereço:

Quanto tempo mora nesta cidade:



QUESTÕES:

1) Que futuro você espera para o seu filho?

2) Como a escola pode ajudar no futuro do seu filho?

3) De que maneira você pode ajudar a escola?

4) Como a escola pode melhorar a vida da comunidade?

5) Como a comunidade pode ajudar na educação?

6) Como você participa da escola?

7) Como você pode ajudar o seu filho na escola para que ele tenha sucesso?

8) O que você pensa que o seu filho deve aprender na escola? 

9) Você pensa que é importante conversar com seu filho?Por quê? Em que momento isso acontece? 









[1] Apresentação do projeto. Disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/ 27227418/último-dia-de-estágio:-apresentação-do-projeto- para-os-pais.
[2] Página de registros do estágio, disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/ page/24478582/FrontPage.
[3] Relatório do estágio, disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/32844993/ relatório-do-estágio.
[4] Questões mencionadas no relatório do estágio na interdisciplina de ESTÁGIO SUPERVISIONADO DOCÊNCIA 0 A 5 ANOS – B, disponível em: https://www.ead.ufrgs.br/rooda/rooda.php.
[5]  GARCIA, Elisângela Rodrigues. PBWORKS do estágio. Minha Turma. Novo Hamburgo. Disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/MINHA-TURMA.
[6] Relatório disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/32844993/RELATÓRIO-DO-ESTÁGIO.
[7] REICHERT, Evânea Aster. Infância, A Idade Sagrada. Edições Vale do Ser. 2009. 2ª edição, páginas 13 e 14.
[8] Atualmente estamos com o projeto Conhecendo os Animais com a Kika, ela visita uma criança a cada final de semana, acompanhada de uma maleta contendo várias literaturas com o tema animais, os pais lêem para seus filhos e em mais um projeto a Kika faz parte da vida dos alunos.
[9] Nesta referência Alícia Fernández cita Sara Paim em “A inteligência Aprisionada”.
[10] PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
[11] Na unidade de estudos quatro, interdisciplina de EDUAD003 - Escola, Projeto Pedagógico e Currículo A, professora Maria Martha, quando ainda cursava no Pólo de Alvorada, 2006/2.
[12] Argumento nos parágrafos 9, 10 e 11, texto escrito para a interdisciplina: “Currículo, Didática e Projeto Político Pedagógico” solicitado na atividade 13.
[13] Comentário disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/25117589/reflexão-semanal:-1ª-e-2ª-Semanas.
[14] MAUD, Mannoni, La educación imposible, Siglo XXI, México.
[15] Interdisciplina de EDUAD002 - Escola, Cultura e Sociedade- Abordagem Sociocultural e Antropológica - A, ainda estudando no pólo de Alvorada, 2006/2, professora Vera Corazza.
[16] DURKHEIN, Émile. Educação e sociologia. 4 ed. trad. Lourenço Filho, São Paulo: Edições Melhoramentos, 1955, p. 25-56. Disponível em:http://www.ufrgs.br/tramse/pead/ 2006/01/educao-diferenciadora.htm.
[18] CRISTIANE M. e EDUARDO L. cita Perrenoud em “Os Novos Pensadores da Educação, revista Nova Escola, agosto de 2002.
[19] MARAGON, Cristiane e Lima, Eduardo (agosto de 2002), “Os Novos Pensadores da Educação”. Revista Nova Escola, 24.
[21] Exemplos de ações a partir do diálogo com os pais: ...Tenho conversado com algumas mães para considerarem a fala de seus filhos como interlocutores nos diálogos. Perguntarem e ouvirem o que seus filhos querem dizer. Observei também a importância de darem a eles, alimentos que fortalecem a musculatura da boca e da língua, como por exemplo, comer cenoura, maçã, etc. A dentista fez uma avaliação nas boquinhas da turma toda e constatou que algumas crianças já estão com a formação da mandíbula prejudicada pelo uso da chupeta e com o costume de algumas crianças chuparem o dedo. Aproveitei esta situação para falar com as mães relacionando com a oralidade. Aos poucos devem iniciar o processo de tirarem o uso do bico com seus filhos e que isso ajudará no fortalecimento muscular que proporciona estrutura para a voz... Disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/25699128/planejamento-e-reflexão:-3ª-semana.
[22] Secretaria Municipal de educação e Desporto. A Construção solidária de um projeto Estratégico de Educação para a cidade de novo Hamburgo. Novo H. 2010. 18 f. (texto base para debates).

[23] Reflexão referente à 4ª semana de estágio, disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/25842355/planejamento-e-reflexão:-4ª-semana.
[24] Reflexão realizada na sétima semana do estágio e disponível em: http://elisangelaestagio. pbworks.com/w/page/26472327/PLANEJAMENTO-E-REFLEXÃO:-7ª-SEMANA.
[25] Uma coisa eu descobri: Quanto a um dos meninos que me preocupa por que quase não fala, decidi, eu mesma estudá-lo mais e melhor e, percebi que por causa das atividades direcionadas, ele acabou por interagir mais com os colegas e observei ele conversando com os coleguinhas. Constatação: Sua dificuldade é de socialização. Preciso colocá-lo mais em oportunidades em que possa construir relações com os colegas. Talvez desenvolver sua autonomia, pois, percebo que ele tem dificuldades em ações que exigem uma relação com o próprio corpo: fazer cocô na escola porque sabe que precisará se limpar ou chamar a professora para que lhe auxilie, por exemplo. Esta reflexão é encontrada no terceiro parágrafo da postagem intitulada como “A Criança e a Relação com o seu Corpo”, disponível em: http://elisufrgs.blogspot.com/2010/05/crianca-e-relacao-com-seu.html.
[27]  Não tenho descrito o fato agora mencionado no relatório do estágio por que na ocasião não achei relevante.
[28] Planejamento e Reflexão referente à 4ª semana de estágio. Disponível em: http://elisangelaestagio .pbworks.com/w/page/25842355/PLANEJAMENTO-E-REFLEXÃO:-4ª-SEMANA.
[29] CESTARI, Jair. Família e escola: uma parceria imprescindível. Revista Pais e Filhos. Mundo Jovem. Fevereiro de 2009.
[30] Reflexão disponível em: http://elisangelaestagio.pbworks.com/w/page/26802678/PLANEJAMENTO-E-REFLEXÃO:-NONA-SEMANA.
[31] FEC: Faixa Etária de Crianças.
[32] CRAIDY, Carmem. Kaercher, Gládis. Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
[33] Reflexão feita no último dia do estágio com fotos disponíveis em: http:// elisangelaestagio. pbworks.com/w/page/27227418/último-dia-de-estágio:-apresentação-do-projeto- para-os-pais.
[34] Relação sutil entre os conteúdos estudados no curso PEAD e os projetos de estágio e TCC.