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22 de jun. de 2008

PORTIFÓLIO DE APRENDIZAGEM_VERSÃO 1_2008



PÓLO DE ALVORADA

ELISÃNGELA RODRIGUES GARCIA

ÂMBITOS DE OBSERVAÇÃO E REGISTRO NO
PORTFÓLIO DE APRENDIZAGENS
[Eixo 4]

COORDENAÇÃO PÓLO
Seminário Integrador
Beatriz Corso Magdalena
Iris Elisabeth Tempel Costa

NTERDISCIPLINAS
Representação do Mundo pela Matemática
Daniela Hoffmann
Representação do Mundo pelas Ciências Naturais
José Francisco Flôres
Representação do Mundo pelos Estudos Sociais
Maria Aparecida Bergamaschi

PORTO ALEGRE
JULHO/2008

EQUIPE DE PROFESSORES
Beatriz Corso Magdalena e Iris Elisabeth Tempel Costa – Pólo de Alvorada.
Silvestre Novak – Pólo de Gravataí
Cíntia Boll e Leonardo Porto – Pólo de São Leopoldo
Crediné Silva de Menezes e Liliana Passerino – Pólo de Sapiranga
Marie Jane Carvalho e Nádie Machado – Pólo de Três Cachoeiras

Seminário Integrador
PEAD/FACED/UFRGS

I. Linguagens e Integração das Aprendizagens.

Quero pedir licença para começar minha reflexão com uma frase que resume tudo o que tenho a dizer, e, sem aspas ou qualquer referência bibliográfica por que literalmente, com a devida licença, tomo posse: _ Neste semestre, trabalhamos com novas linguagens que mostram nos seus símbolos e perspectivas modos de compreender e representar o mundo. Cada Interdisciplina contribuiu com uma visão de mundo, com uma experiência, com entendimentos singulares que chamam nossa atenção para a existência de outras formas de leitura do universo cotidiano que nos cerca. Como diz Paulo freire em PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: _ “O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, como inclusão em permanente movimento na história”. Ficar limitados aos conhecimentos e organização curricular não desenvolve nem no educador e nem no educando uma consciência crítica e posicionamento no tão falado neste semestre Tempo e Espaço.
E Paulo Freire segue contando que uma vez num destes encontros de educadores, havia na sala de reuniões umas fotografias das ruas das redondezas da escola em que ele estava ministrando uma palestra. Ele ouve um professor comentando que lecionava ali há 10 anos e não conhecia aquela realidade. O professor completa “Agora, ao ver esta exposição que nos revela um pouco de seu contexto, me convenço de quão precária deve ter sido a minha tarefa formadora durante todos estes anos”. Confesso que muitas vezes tive este mesmo pensamento à medida que ia lendo os textos solicitados neste curso e fazendo as descobertas em didática e metodologia. No entanto minha mudança não tem sido apenas em assimilar teorias. Venho literalmente colocando em prática todo o conhecimento que estou adquirindo. No meu planejamento de aulas para meus alunos, vou criando as atividades usando os critérios que estudo aqui na teoria. Os resultados permitem-me uma reflexão sobre minha prática agora voltada com um olhar crítico de mim mesma e a educação como um todo. Buscando conhecer e compreender como se dá o processo de aprendizagem na mente das crianças e de que forma posso ser um meio facilitador deste processo.
Ao brincar de amarelinha, ao locomover-se ao espaço da sala de aula, por exemplo, a criança vai observando este espaço e percebendo formas e posições, medidas e distâncias. Construindo maquetes, plantas baixas e mapas, a criança reforça conceitos aprendidos nas brincadeiras, desenvolve o senso de orientação, reconhece semelhanças e diferenças entre objetos de formatos e tamanhos variados além de fazer representações do espaço que a rodeia.
Ao desenhar o caminho até a escola, o mapa da sua rua, observa a distância e pontos de referência, a criança faz cálculos de maneira que compreende e desenvolve noções que são a base para toda a vida.
Á medida que a criança vai desenvolvendo sua observação, o tamanho, a forma, a posição e a proporção, através das atividades cognitivas e lúdicas, vão se aperfeiçoando os conceitos e as suas representações vão ficando mais claras e objetivas. Essas representações são feitas de diversas maneiras, quando classificam e fazem à seriação de objetos, desenhos, jogos, medem o comprimento das coisas usando como unidades de medidas palmo, objetos e partes do corpo. Assim, os alunos demonstram compreender e orientarem-se nas brincadeiras e nas interpretações de tudo o que o cercam. Atividades como o tangran, mosaico e quebra-cabeça, desenvolvem noções de medida e proporção, com posição de composição e equivalência de figuras.
Mudei sim minha atitude e postura na minha prática de professora. Embora sendo crianças de seis anos de idade, em seu primeiro ano de vida escolar, percebi a importância em marcar esta fase com conteúdos e aulas que despertem em meus alunos reflexões profundas, e exemplifico no parágrafo anterior. Em um primeiro momento tive minhas dúvidas. Pensava que as crianças tinham algumas limitações para compreender certos conceitos mais complexos. Por exemplo, entender mapas. Na prática percebi que o que faz a diferença é a forma que trabalhamos as coisas. Entender que as crianças precisam desfilar prazerosamente no que têm conhecimento e primeiramente elas desenharam a sala de aula, a escola, e, em seguida a rua em que mora depois o trajeto até a escola e daí entender que o bairro está dentro do município de Cachoeirinha e que o município dentro do estado e este dentro do País e o globo terrestre, finalmente, foi buscado na biblioteca. Vi-me falando dos movimentos de translação e rotação para o 1º ano e sendo compreendida. Os métodos, linguagem e recursos usados para ensinar são os segredos. As crianças já possuem seus conceitos, disso estamos cansados de falar e saber. Temos agora é que compreender o caminho que ela traça para a concepção e percepção do que aprende, pois tudo é relação, tudo se relaciona e as crianças sabem sem mesmo saberem explicar.
Passei a planejar minhas aulas, antes não fazia planos de aulas e acreditava que sabia exatamente o que e quando fazer as coisas. Descobri que “O planejamento é um instrumento indispensável para a ação pedagógica, já que outro modo seria impossível orientar o processo até os propósitos perseguidos – e uma proposta educativa deixa de sê-lo se não tratar de tornar realidade certas finalidades previamente trabalhadas.” (Do acaso à intenção em Estudos Sociais Maria Aparecida Bergamaschi ).
Em uma das atividades de Seminário Integrador em que postei no blóg sobre as etapas da construção da noção de espaço nas crianças, havia dito que meus alunos de em média 6 anos de idade estavam no estágio sensório motor. Esta afirmação estava errada e por isso apaguei parte do texto. Fiz esta confusão por que nas perguntas que eles fazem demonstram tanta imaturidade às vezes e são referentes às necessidades fisiológicas como diz a Iris Elisabeth Tempel Costa, nossa coordenadora do curso, pólo Alvorada. Isso se dá por que a escola é a primeira instituição que muitas delas têm contato “e processo de socialização se faz por etapas”. Estão em fase de adaptação ao grupo social escolar, cheio de regras e normas a serem cumpridas. Neste semestre aprendi que meus alunos encontram-se na fase pré-operatório e enquanto outros evoluíram para a intuitiva ou operatória. Às vezes a mesma criança oscila entre uma e outra dependendo da situação. Relendo o texto ANTUNES, Aracy do Rego; MENANDRO, Heloisa Fesch; PAGANELLI, Tomoko Iyda. Estudos Sociais: Teoria e Prática. Rio de Janeiro, ACCESS, 1999, pude compreender estas fases e seu processo bem como atividades que podemos auxiliar as crianças nas noções de localização espacial ( exemplo destas atividades no 3º parágrafo).
Nunca antes deste semestre e dos textos lidos havia pensado em Noção de tempo e espaço. Eram simplesmente os conteúdos dispostos nos livros e avançava um tanto para o desenvolvimento crítico da realidade. Porém não com o conhecimento das fases das noções de tempo e espaço nem muito menos trabalhando estas noções com as crianças de forma específica, e como processo de aprendizagem. “É difícil abandonar o livro didático quando se está acostumado aos resultados que ele traz”, admite a professora Niedja Pitombeira, 23 anos, que pela primeira vez colocou em prática um modelo diferente do tradicional. “Ao final do ano percebi que, quando as informações fazem parte de um contexto, os alunos aprendem de verdade.” Podemos sair dos conteúdos tradicionais e organizações curriculares e estudar a realidade e interesses demonstrados pelas crianças. Para tanto se faz necessário respeitar a leitura de mundo do educando, “... o educador que respeita a leitura de mundo do educando, reconhecendo a historicidade do saber, o caráter histórico da curiosidade, desta forma, recusando a arrogância cientificista, assume a humildade crítica, própria da posição verdadeiramente científica”, diz Paulo Freire. Como quando trabalhando com a reciclagem e estudando o meio ambiente, os córregos que se transformaram em valas poluídas existentes em nosso bairro. As crianças demonstraram interesse em saber como era o valão antes de estar poluído. Alguns pais e moradores mais antigos tinham fotos em casa de quando brincavam nos córregos e a água ainda era limpa. Disse às crianças que comentassem isso em casa e tive dois alunos que nos trouxeram às tais fotos. Em seguida passamos para uma historinha do descobrimento do Brasil (O Descobrimento do Brasil- walter Nieble de Freitas) que descreve as paisagens que aqui existiam. Depois fizemos uma comparação entre antes e depois. As crianças desenharam como o Brasil era na época do descobrimento e como se encontram hoje as paisagens brasileiras.
Nós professores da educação infantil e séries iniciais, muitas vezes corremos o risco de nos concentrarmos em atividades de coordenação motoras, alfabetização e noções das quatro operações. Quando muito, aulas esporádicas de “religião”. A interdisciplinaridade acaba ficando para os conteúdos programáticos dos livros lá na 3ª e 4ª série. Tenho planejado minhas aulas, preocupada com a interdisciplinaridade, e descobri na prática que todos os conteúdos podem ser trabalhados na aula, matérias integradas formando uma teia no processo de aprendizagem. Alfabetizar estudando os animais, transmitir e desenvolver os conceitos de quantificação estudando e classificando insetos é o máximo. Noções de fração no dia em que se estudam as vitaminas e alimentos saudáveis, com as frutas trazidas pelas crianças e que posteriormente se transformam em uma deliciosa salada de frutas. E como se não bastasse estudar os órgãos dos sentidos. O que sei é que faltaram horas para ver tudo o que ia surgindo espontaneamente no decorrer da realização das atividades. As coisas ficaram mais fáceis para mim como professora. A prova está no comentário deixado pelo professor Zeca no meu último trabalho desta interdisciplina: ”Excelente”! Disse ele. Dispensa comentários. Respondi: “Também achei!” Ainda bem que ele também percebeu. Na interdisciplina de ciências descobri que a visão que temos a concepção que cada um tem das coisas depende da relação que cada ser humano tem com ela. Nos desenhos feitos por nós alunos deste curso, percebi que a representação que fizemos de uma mesma palavra é resultado desta relação. Depois veio a vez de nossos alunos, na atividade de ciências por exemplo, confirma-se. Sobre espaço e forma, entre outras coisas que já mencionei, aprendi que cada indivíduo vê da forma que se integra e interage no ambiente em que vive. Perceber isso é importante para servir de base em nosso planejamento de aula e ser ponto de partida para transmitirmos os conhecimentos necessários para que as crianças desenvolvam conceitos.

II. Construções e Reconstruções Pessoais.

O que mais foi significativo para mim foi o desenvolvimento Plano Individual de Estudos. “Sou professora do primeiro ano do ensino fundamental e tenho um aluno com o diagnóstico de hiperatividade, Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor e Abandono Materno. Neste sentido tenho tido muitas dificuldades e nenhum conhecimento em relação a este assunto, sendo necessário e de extrema importância para o processo de desenvolvimento e a relação professor x aluno com necessidades especiais que, eu obtenha, maior compreensão e conhecimento em relação a este diagnóstico médico.” Estou muito grata em realizar este trabalho, foi graças a esta atividade que minha iniciativa de estudar este caso tem em muito colaborado no apoio a família e em minhas aulas. Continuarei estudando a respeito, pois, o processo de ajuda a este menino esta recém começando, visto que o diagnóstico é recente e o menino vem sofrendo por anos a falta de informação por parte dos adultos que com ele convivem. Com meus estudos adquiri confiança, hoje não tenho mais dificuldades em lidar com a criança e em compreendê-la. Passei os textos que estudei para a orientadora educacional da escola, os pais, monitora da hora do recreio e supervisora escolar. De posse das informações sobre hiperatividade, o que é, como lidar com uma criança hiperativa e quais os caminhos para que ela aprenda, estamos com sucesso obtendo resultados. A criança não mais manifesta agressividade. Está integrada com os colegas e brinca com todos na hora do recreio e via Ministério Público, a escola está encaminhando este aluno para ser atendido nas suas necessidades em escola que possui classe especial e profissional com capacitação para atendê-lo.

III. Plano Individual de Estudos (PIE)

Por muitos dias fiquei analisando quais seriam os critérios para a escolha do PIE. Queria desenvolver algo que realmente fizesse sentido para mim, enquanto profissional e no campo pessoal. Algo que além de contribuir para meu crescimento em múltiplos aspectos, trouxesse-me satisfação. Como um curso que viesse a fazer, por exemplo. Num primeiro momento levantei situações em que tenho dificuldades, ou por não ter a capacitação necessária, ou por não fazer parte de meus interesses e que mesmo assim tenho de desempenhar funções. Então: _ Minha maior dificuldade, que muito me trazia insatisfações é o fato de que tenho um aluno com necessidades especiais em sala de aula. Não o compreendia e nem sabia nada sobre sua disfunção. Como lidar com seus sintomas, como ameniza-los, como ainda desenvolver um processo de construção de aprendizagem, no caso de um hiperativo e com retardo neuropsicomotor. Decidi então optar por este desafio. Aprender tudo o quanto eu poderia, sobre hiperatividade. Num segundo momento, à medida que ia deslumbrando-me em minhas descobertas, tive de lidar com uma segunda questão. No caso de uma criança hiperativa somente se alcança resultados positivos se todos os envolvidos tiverem alguns conhecimentos básicos e atitudes específicas, pois, as medidas são de ação e intervenção. Os objetivos que foram traçados vêm de encontro a sanar dúvidas que vem esclarecer a forma que devemos, nós adultos agir, educar, ensinar, nos relacionar com um hiperativo.
As leituras no meu Portifólio de 2007, serviram para eu escolher um plano de estudos que viesse trazer-me qualificação e conhecimento, já que tanto reclamei que o que mais havia me chamado à atenção em apresentações de Portifólios dos colegas, é que observei que minhas colegas possuem uma linguagem diferente da minha, falam como se já fossem pedagogas, talvez pelo tempo de serviço, visto que possuo apenas cinco anos de nomeação, como Professora.
Neste percurso, de estudos, transmissão de conhecimentos aos envolvidos, família e comunidade escolar, encontros, conversas e encaminhamentos, o mais interessante foi à mudança de atitude da criança hiperativa, passou de um estágio de agressividade excessiva, para um desejo de ser aceito e entendimento em estar sendo foco das atenções, por tanto, ser querido. Ainda não evoluímos para obtenção de aspectos positivos na área cognitiva, mas acredito que neste caso a área afetiva deve ser primeira trabalhada. Estamos fazendo e com resultados bastante animadores. Agora sei o que fazer isso me preocupava tanto no início dos estudos, eu não sabia o que fazer. Sei quando e como interferir, como num ataque de agressividade percebo quando a criança está fora de controle e precisa ser apenas observada para não se machucar e nem machucar os outros e, quando fora de controle devo intervir e impor limites. Antes de iniciarmos estes estudos, todos estavam envolvidos num ciclo de sintomas. Hoje família e pessoas que convivem com ele na escola e escolinha em que ele fica no turno inverso, tem claros a forma que devem agir. A sensação que tenho é que por meio deste trabalho, iniciado por mim devido à atividade da interdisciplina, “estamos todos fazendo a diferença na vida deste menino, salvando-nos a todos de situações críticas que seriam caso contrário, um sofrimento”. Estou satisfeita, todos estamos e alcançando os objetivos para o bem de todos e principalmente da criança.

18 de jun. de 2008

ENSINAR ESTUDOS SOCIAIS PASSOU A FAZER E TER SENTIDO PARA MIM


INTERDISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS LEVANTANDO QUESTIONAMENTOS E LEVANDO-ME A ANÁLISE DE MINHA PRÓPRIA HISTÓRIA.

No primeiro trabalho solicitado já tive de fazer além de uma análise da forma como vinha não trabalhando estudos sociais com meus alunos, fazer uma autocrítica de meu papel enquanto indivíduo social. Lá estou eu sendo educadora e fugindo de questões sociais que são um resultado da nossa falta de cooperação no desenvolvimento do ser indivíduo em nossas crianças. Foi maravilhoso relembrar como eram as aulas de Estudos Sociais enquanto discente. A seriedade em que discutíamos questões políticas e ações de nossos representantes. O respeito em que vivíamos os rituais de datas importantes de nossa história. Sentíamo-nos indivíduos co-autores da história. Hora revivendo os acontecimentos, hora fazendo acontecer.
Mudei sim minha atitude e postura na minha prática de professora. Embora sendo crianças de 6 anos de idade, em seu primeiro ano de vida escolar, percebi a importância em marcar esta fase com conteúdos e aulas que despertem em meus alunos reflexões profundas. Em um primeiro momento tive minhas dúvidas. Pensava que as crianças tinham algumas limitações para compreender certos conceitos mais complexos. Por exemplo, entender mapas. Na prática percebi que o que faz a diferença é a forma que trabalhamos as coisas. Entender que as crianças precisam desfilar prazerosamente no que têm conhecimento e primeiramente elas desenharam a sala de aula, a escola, e, em seguida a rua em que moram depois o trajeto até a escola e daí entender que o bairro está dentro do município de Cachoeirinha e que o município dentro do estado e este dentro do País e o globo terrestre, finalmente, foi buscado na biblioteca. Vi-me falando dos movimentos de translação e rotação para o 1º ano e sendo Compreendida. Os métodos, linguagem e recursos usados para ensinar é o segredo. As crianças já possuem seus conceitos, disso estamos cansados de falar e saber. Temos agora é que compreender o caminho que ela traça para a concepção e percepção do que aprende. Construindo a linha do tempo de minha vida deparei-me com alguns traumas bem particulares em minha vida. Sei então que quando apresentamos alguns conteúdos aos nossos alunos, podemos levá-los a se depararem com vivências que machucam daí, sua revolta em sala de aula “sem motivos”. Datas comemorativas podem ser o dispositivo de situações traumáticas, mesmo que inconscientes. Vimos no semestre passado os mecanismos de defesas que usamos e as fases do desenvolvimento infantil. Estudar os grupos aos quais fizemos parte, características destes grupos, descendências raciais e culturais, ajudam a compreender suas vivências e a diferença entre nós indivíduos. Desenvolver o respeito a toda e qualquer diferença. E, vivam as diferenças!
Temos trabalhado em Estudos Sociais conteúdos bem tradicionais e como pinceladas por que faz parte do currículo, por isso serem tão desinteressantes e as crianças muitas vezes tirarem notas baixas nas avaliações. Temos de ir bem mais longe, compreender que fizemos parte da história estudada, dos lugares, dos acontecimentos e mais ainda, que podemos e fizemos a história dia a dia. Que podemos fazer acontecer e modificarmos o que não está bom. Estudos sociais na sala de aula para ser ação e vida fora desta. Alunos estudando o porquê dos acontecimentos históricos com certeza lembrarão as datas em que ocorreram. Alunos fazendo a história compreendem o porquê da falta de emprego, das más políticas públicas. Eles sabem quando e por que o fornecimento da luz e água em suas casas é cortado. E nós achando em sala de aula que eles não entendem de política. Que são novos e imaturos para entender a localização da Europa no mapa mundi quando se deparam diariamente com problemas decorrente do racismo.
Lidamos com questões bem difíceis num simples tema de pesquisa com os pais sobre dados da infância. Algumas perguntas vêm sem respostas por que os pais estão separados e um dos cônjuges não querem nem falar no “sujeito”. Como saber dados dos primeiros meses de vida quando a criança hoje vive com o pai por que foi tirada a guarda da mãe quando sofreu abuso sexual do tio, avô ou namorado da mãe? O pai não sabe e não vai ir atrás das informações para que esta criança conheça e reconheça sua história. Ficam lacunas e lacunas importantes. O que se sabe nem sempre é o que se quer lembrar.
Aprende-se muito mais que algumas investigações são dolorosas mesmo que importantes que alguns fatos históricos são decorrentes diretos de outros, que tudo está interligado no tempo e espaço, que a história de um está interligada a de outro, que somos atuantes na história de outro(s). Com os textos neste semestre nesta interdisciplina aprendi que estudos sociais acima de tudo é relação, tudo se relaciona e as crianças sabem sem mesmo saberem explicar. Temos de com os passos cuidadosamente estudados e analisados ir avançando de vagarinho, pois se trata de sentimentos, muito mais que estudar fatos é ter lembranças. Lembram “Da consciência coletiva” da interdisciplina de Escola Cultura e Sociedade?
Nesta Interdisciplina de Estudos Sociais obtive uma noção teórica de metodologia e didática no ensino de estudos sociais na minha prática docente e confesso que somente agora é que passou a ter sentido esta prática para mim.

PLANEJANDO AS AULA DE CIÊNCIAS, É POSSÍVEL ABORDAR AS OUTRAS INTERDISCIPLINAS E TODOS OS CONTEÚDOS QUE FAZEM PARTE DO CURRÍCULO.


PASSANDO A DAR AULA DE CIÊNCIAS PARA O PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL...


Nós professores de educação infantil e séries iniciais, muitas vezes corremos o risco de nos concentrarmos em atividades de coordenação motoras, alfabetização e noções das 4 operações. Quando muito, aulas esporádicas de “religião”. Ciência acaba ficando para os conteúdos programáticos dos livros lá na 3ª e 4ª série. De vez em quando uma experienciazinha de germinação. Neste semestre “Graças a Deus” tive oportunidade de não só mudar meus conceitos, como adquirir alguns. Tenho planejado minhas aulas, preocupada com a interdisciplinaridade, e descobri na prática que todos os conteúdos que acima citei podem ser trabalhados na aula de ciências, por exemplo. Alfabetizar estudando os animais, transmitir e desenvolver os conceitos de quantificação estudando e classificando insetos é o máximo. Noções de fração no dia em que se estudam as vitaminas e alimentos saudável, com as frutas trazidas pelas crianças e que posteriormente se transformam em uma deliciosa salada de frutas. E como se não bastasse estudar os órgãos dos sentidos. O que sei é que faltaram horas para ver tudo o que ia surgindo espontaneamente com o planejamento de ciências. Percebi que planejando as aulas pensando em ciências, as outras matérias que antes eram o foco de estudos, passaram a ser o complemento para culminar o processo de aprendizagem. As coisas ficaram mais fáceis para mim como professora. A prova está no comentário deixado pelo professor Zeca no meu último trabalho desta interdisciplina: ”Excelente”! Disse ele. Dispensa comentários. Respondi: “Também achei!” Ainda bem que ele também percebeu. Logo no primeiro trabalho proposto, percebi algo claro: Que a visão que temos das coisas, que a concepção que cada um tem da natureza depende da relação que cada ser humano tem com ela. Nos desenhos feitos por nós alunos deste curso, percebi que a representação que fizemos de uma mesma palavra é resultado desta relação. Depois veio a vez de nossos alunos e mais uma vez a confirmação. Cada indivíduo vê da forma que se integra e interage no ambiente em que vive. Perceber isso é importante para servir de base em nosso planejamento de aula e ser ponto de partida para transmitirmos os conhecimentos necessários para que as crianças desenvolvam conceitos. Mais do que saber coisas, em ciências precisa-se desenvolver também e aprender a ter atitude, ter o conhecimento para agir. De uma forma ou de outra todos e tudo pertencem à natureza. Tem vida! É vida! Desenvolver uma consciência crítica em relação ao que se vai aprendendo e detectar onde cada um de nós pode agir para as mudanças necessárias para o bem estar de todo este contexto vivo, é fundamental. Eu, professora sou responsável como exemplo, como mediadora num estudo de investigações, experiências, busca de dados e na busca de respostas. Quem sabe fazer as perguntas certas para que meus alunos fiquem instigados a fazerem descobertas importantes à vida humana. Tendo ainda a consciência que estas descobertas podem tornar-se obsoletas numa próxima investigação de outro e dele mesmo. Assim é a ciência, estudo, análise, investigação e pode sim nortear as atividades em sala de aula em qualquer série e idade. As crianças já possuem noções das coisas, conceitos que podem servir de ponto de partida e juntos buscarmos outras respostas e outras perguntas. Lembro-me do dia em que trabalhando a reciclagem do lixo, tive de fazer um projeto, pois, veio a preservação da água, que tipo de solo poderíamos usar no plantio das mudinhas de flores nos vasos feitos com garrafas pétis, o que as plantas necessitam para se desenvolverem, onde colocaríamos os 40 vasinhos para acompanhar o crescimento das plantinhas, o sub projeto de paisagismo na pracinha, o ciclo da água, animais que vivem na água, etc, etc, e etc. E todas estas palavras sendo conhecidas, escritas e lidas e tudo sendo contado, classificado,somado, desenhado, pintado, reproduzido, diminuído e a noção de tempo e espaço, pois, afinal até o calendário teve de ser introduzido e aprendido. To sendo romântica? Às vezes vejo meus colegas me olhando estranho, sem entender por que estou tão entusiasmada ganhando tão pouco e trabalhando praticamente dia e noite. Estudando os textos que fazem menção aos ciclos da natureza se trabalha a noção de tempo e espaço e aí entra estudos sociais e matemáticos. Primeiro o antes, durante e depois. Em seguida ontem, hoje e amanhã. Passando para os dias da semana, mês, ano, 4 estações do ano e até que em fim os ciclos da natureza. Nada fica de fora, todos os conteúdos são abordados de forma equilibrada e sucessiva, literalmente professora e alunos construindo conhecimentos.

TEORIA E/OU PRÁTICA



CLASSIFICAÇÃO E SERIAÇÃO_ O QUE MODOU EM MINHA VIDA PROFISSIONAL?

È estranho pensar que sou professora atuante há cinco anos e antes disso trabalhava como atendente de educação infantil e nunca antes havia pensado nem sequer tido noção dos conceitos de seriação e classificação. Quando comecei a ler os textos propostos pela interdisciplina de matemática, estudava euforicamente pelas descobertas que eu ia fazendo e pelo conhecimento que desenvolvia e crescia a cada palavra lida. Um conteúdo de tal importância! Fico me perguntando de o porquê não estudei no magistério quando me formava para ser professora de 1ª a 4ª série, justamente as séries iniciais que mais se precisa dos materiais que desenvolvem nas crianças os conceitos básicos que servirão de noções para toda a sua vida. Logo no início deste semestre, percebi que em exatamente todas as atividades da interdisciplina de matemática, eu ocuparia na minha prática em sala de aula, todas as atividades. Por este motivo, sempre que nos foi solicitada uma atividade, o planejamento desta, eu fiz para o primeiro ano do ensino fundamental. Todas as atividades foram postas em prática por mim, antes ou depois de posta-las. Algumas vezes a atividade solicitada era por coincidência a que eu estava trabalhando em sala de aula ou já havia trabalhado com meus alunos. Aí foi fácil. Tive uma resposta imediata do desenvolvimento destas em sala de aula, das dificuldades em pô-las em prática ou dos sucessos dos resultados. Claro, estes últimos permaneceram na maioria. Em tudo o que as crianças fazem e fizeram, faço uma associação à teoria que vou estudando e as atitudes dos alunos. Fiquei meio paranóica eu acho. Comecei a ver classificação e seriação em tudo o que as crianças faziam e fazem. Em uma ocasião um aluno, bravo comigo por que não queria obedecer à rotina, se negou a fazer a atividade da folinha e emburrado se auto-excluiu, de repente olho para ele e lá estava separando as colas na caixa de cola, fiquei observando qual o critério que ele estava usando e percebi que separava e ordenava os tubos de cola por tamanho. Em outro momento uma aluna de 5 anos havia usado a tampa da caixa dos legos e ordenado eles de forma bem estranha para mim, por alguns minutos tentei identificar quais os critérios que ela esta usando e nada de eu entender. Não era por tamanho, cor ou forma que são os mais óbvios. Pareciam colocados ali sem critério algum, acontece que a concentração desta criança era tanta que neguei esta possibilidade. Estudei, estudei, estudei e bem mais tarde entendi que ela separava-os por marca. Como estes legos vão sendo todos os anos acrescentados por irem se perdendo aos poucos, nem sempre a escola compra da mesma marca e fábrica. Fiquei pasma, uma menina com muitas dificuldades de aprendizagem talvez por ser imatura cognitivamente, estava ali separando e classificando os legos por um critério que teria por mim passado despercebido. Ela percebeu algo que eu não havia percebido. Compreendi então a teoria que diz que “classificação e seriação depende da relação que o sujeito faz e tem com o objeto”. Perceber esta relação pode nos abrir caminho para intervirmos no processo de aprendizagem das crianças. Que maravilha. Como não dizer que fantástico! E pensar que tive de olhar no dicionário e no google para saber o que significa as palavras classificação e seriação na matemática. Hoje me pergunto como eu pude dar aula sem conhecer estes conceitos e sem identificar esta prática nas ações de meus alunos no primeiro ano? Hoje não só sei do que estou falando como também percebo e proporciono aos meus alunos esta atividade. É possível compreender o nível de conhecimento em que eles encontram-se e também cooperar no desenvolvimento e construção do conhecimento.