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18 de jun. de 2008

ENSINAR ESTUDOS SOCIAIS PASSOU A FAZER E TER SENTIDO PARA MIM


INTERDISCIPLINA DE ESTUDOS SOCIAIS LEVANTANDO QUESTIONAMENTOS E LEVANDO-ME A ANÁLISE DE MINHA PRÓPRIA HISTÓRIA.

No primeiro trabalho solicitado já tive de fazer além de uma análise da forma como vinha não trabalhando estudos sociais com meus alunos, fazer uma autocrítica de meu papel enquanto indivíduo social. Lá estou eu sendo educadora e fugindo de questões sociais que são um resultado da nossa falta de cooperação no desenvolvimento do ser indivíduo em nossas crianças. Foi maravilhoso relembrar como eram as aulas de Estudos Sociais enquanto discente. A seriedade em que discutíamos questões políticas e ações de nossos representantes. O respeito em que vivíamos os rituais de datas importantes de nossa história. Sentíamo-nos indivíduos co-autores da história. Hora revivendo os acontecimentos, hora fazendo acontecer.
Mudei sim minha atitude e postura na minha prática de professora. Embora sendo crianças de 6 anos de idade, em seu primeiro ano de vida escolar, percebi a importância em marcar esta fase com conteúdos e aulas que despertem em meus alunos reflexões profundas. Em um primeiro momento tive minhas dúvidas. Pensava que as crianças tinham algumas limitações para compreender certos conceitos mais complexos. Por exemplo, entender mapas. Na prática percebi que o que faz a diferença é a forma que trabalhamos as coisas. Entender que as crianças precisam desfilar prazerosamente no que têm conhecimento e primeiramente elas desenharam a sala de aula, a escola, e, em seguida a rua em que moram depois o trajeto até a escola e daí entender que o bairro está dentro do município de Cachoeirinha e que o município dentro do estado e este dentro do País e o globo terrestre, finalmente, foi buscado na biblioteca. Vi-me falando dos movimentos de translação e rotação para o 1º ano e sendo Compreendida. Os métodos, linguagem e recursos usados para ensinar é o segredo. As crianças já possuem seus conceitos, disso estamos cansados de falar e saber. Temos agora é que compreender o caminho que ela traça para a concepção e percepção do que aprende. Construindo a linha do tempo de minha vida deparei-me com alguns traumas bem particulares em minha vida. Sei então que quando apresentamos alguns conteúdos aos nossos alunos, podemos levá-los a se depararem com vivências que machucam daí, sua revolta em sala de aula “sem motivos”. Datas comemorativas podem ser o dispositivo de situações traumáticas, mesmo que inconscientes. Vimos no semestre passado os mecanismos de defesas que usamos e as fases do desenvolvimento infantil. Estudar os grupos aos quais fizemos parte, características destes grupos, descendências raciais e culturais, ajudam a compreender suas vivências e a diferença entre nós indivíduos. Desenvolver o respeito a toda e qualquer diferença. E, vivam as diferenças!
Temos trabalhado em Estudos Sociais conteúdos bem tradicionais e como pinceladas por que faz parte do currículo, por isso serem tão desinteressantes e as crianças muitas vezes tirarem notas baixas nas avaliações. Temos de ir bem mais longe, compreender que fizemos parte da história estudada, dos lugares, dos acontecimentos e mais ainda, que podemos e fizemos a história dia a dia. Que podemos fazer acontecer e modificarmos o que não está bom. Estudos sociais na sala de aula para ser ação e vida fora desta. Alunos estudando o porquê dos acontecimentos históricos com certeza lembrarão as datas em que ocorreram. Alunos fazendo a história compreendem o porquê da falta de emprego, das más políticas públicas. Eles sabem quando e por que o fornecimento da luz e água em suas casas é cortado. E nós achando em sala de aula que eles não entendem de política. Que são novos e imaturos para entender a localização da Europa no mapa mundi quando se deparam diariamente com problemas decorrente do racismo.
Lidamos com questões bem difíceis num simples tema de pesquisa com os pais sobre dados da infância. Algumas perguntas vêm sem respostas por que os pais estão separados e um dos cônjuges não querem nem falar no “sujeito”. Como saber dados dos primeiros meses de vida quando a criança hoje vive com o pai por que foi tirada a guarda da mãe quando sofreu abuso sexual do tio, avô ou namorado da mãe? O pai não sabe e não vai ir atrás das informações para que esta criança conheça e reconheça sua história. Ficam lacunas e lacunas importantes. O que se sabe nem sempre é o que se quer lembrar.
Aprende-se muito mais que algumas investigações são dolorosas mesmo que importantes que alguns fatos históricos são decorrentes diretos de outros, que tudo está interligado no tempo e espaço, que a história de um está interligada a de outro, que somos atuantes na história de outro(s). Com os textos neste semestre nesta interdisciplina aprendi que estudos sociais acima de tudo é relação, tudo se relaciona e as crianças sabem sem mesmo saberem explicar. Temos de com os passos cuidadosamente estudados e analisados ir avançando de vagarinho, pois se trata de sentimentos, muito mais que estudar fatos é ter lembranças. Lembram “Da consciência coletiva” da interdisciplina de Escola Cultura e Sociedade?
Nesta Interdisciplina de Estudos Sociais obtive uma noção teórica de metodologia e didática no ensino de estudos sociais na minha prática docente e confesso que somente agora é que passou a ter sentido esta prática para mim.

3 comentários:

Rosana disse...

Boa noite amiga!! Obrigada pelo comentário no meu blog, você também está muito bem! Muito bom seu texto de esctudos sociais, e todos os outros.Parabéns! Beijos Rosana

Kathia disse...

Oi Elisângela,passei prá agradecer a visita e teu comentário.Pois é, que bom que a visão de Estudos Sociais começa a mudar prá nós como educadoras e também nos faz refletir que podemos ir muito mais além do que os meros conteúdos em sala de aula.Muitas vezes não nos damos conta da dimensão dos acontecimentos.Podemos olhar pro lado e sentir com o coração.Bjs, Kathia.

Tatiana Gomes disse...

OLá..amiga!!!
PARABÉNS TEU BLOG ESTÁ RECHEADO DE BELAS POSTAGENS,RICAS EM REFLEXÃO,CONTEUDO E REVELA TEU VERDADEIRO AMOR PELO QUE FAZES!!
PARABÉNS!!
Concordo contigo quando falas das tuas mudanças em relação ao modo de pensar,agir em Estudos Sociais,quase não nos damos conta de que esta disciplina está envolvida em todas as outras,,,é a VIDA da gente!
BJS...