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31 de mai. de 2009
CONHECIMENTO É INSTRUMENTO DE TRABALHO PARA O PROFESSOR
Neste semestre uma questão vem inquietando-me: O que fazer enquanto professora diante de crianças com dificuldades na aprendizagem? Muitas foram às discussões referentes às crianças de inclusão, como fazer a inclusão, como trabalhar com crianças com necessidades educativas especiais, como trabalhar questões étnicas raciais e por aí afora... Revoltas, posicionamentos e muitos debates.
No Projeto de Aprendizagem o qual sou integrante do grupo, tem como questão norteadora: Responsabilidades para se fazer a inclusão. Senti então a necessidade de correr atrás desse conhecimento que não só trará respostas, mas, a compreensão do meu fazer e de meu dever enquanto educadora.
Foi por interesse que baixei um livro da internet (Título: o Nascimento da Inteligência na Criança. Autor: Jean Piaget. Coleção: Plural, N.°0. 1971, Delachaux & Niestlé S.A.), mas, foi por acaso que hoje o reencontrei. Estou neste momento sem sinal da internet e senti a necessidade de rever os materiais que possuo guardados em arquivos off line (quem sabe encontro algo que eu possa estudar e aumentar os meus conhecimentos satisfazendo-me em minhas indagações). “Bingo!” Dia desses vi o título deste livro em outro que estou lendo e disse a mim mesma, tenho de ler este também. Para minha surpresa, o encontro agora em meus guardados virtuais.
As idéias desenvolvidas neste livro fazem parte das pesquisas de Piaget e completa com um estudo sobre a génese da imitação na criança, formação dos esquemas sensório-motores e no mecanismo de assimilação mental.
Em resposta ao nascimento da inteligência Jean diz que é evidente que “certos fatores hereditárias condicionam o desenvolvimento intelectual”. Os fatores são de ordem estrutural e estão ligados à constituição do nosso sistema nervoso e dos nossos órgãos dos sentidos. Ainda comprova que existe uma inteligência sensório-motora ou prática cujo funcionamento prolonga o dos mecanismos de nível inferior: reações circulares, reflexos, e mais profundamente ainda, a atividade morfogenética do próprio organismo.
Compreendi que muitas vezes quando as crianças têm dificuldade na aprendizagem é porque não possuem bem estruturados os conceitos e esquemas lá do período sensório motor. Quem sabe se voltarmos às atividades deste período com as crianças, nós professores conseguimos auxilia-las na estruturação de conceitos básicos, importantes na aquisição e desenvolvimento de novas aprendizagens. A questão é conseguirmos este tempo para nos dedicarmos às observações, estudos e atividades que farão com que estas crianças reconstruam suas estruturas cognitivas. Temos como fundamento o estudo da plasticidade neural, sabemos que se estimularmos e fizermos o caminho retrospectivo, podemos mudar o quadro do nível cognitivo nas crianças com dificuldade na aprendizagem.
Podemos explicar o surgimento da inteligência da criança através da pressão do meio exterior, imprimir pouco a pouco na mente da criança influenciando-a em seu desenvolvimento. Neste caso com o empirismo, se negligencia a atividade intelectual em favor da pressão dos objetos, mesmo assim não se pode negar que implica então uma harmonia preestabelecida entre as estruturas» do objeto e as do sujeito.
Também é possível dizer que a inteligência pela própria inteligência, isto é, podemos supor a existência de uma atividade estruturada desde o início, aplicando-se apenas a conteúdos cada vez mais ricos e complexos. Assim, existiria desde o plano fisiológico uma inteligência orgânica», que se prolongaria em inteligência sensório-motora e, no fim, em inteligência refletidora propriamente dita. Esta explicação vai, naturalmente, em paralelo com o vitalismo em biologia.
Em terceiro lugar, segundo as concepções apriorista, podemos considerar o desenvolvimento da inteligência como devido, não a uma faculdade que já está completada, mas à manifestação de uma série de estruturas que se impõem de dentro à percepção e à inteligência, à medida das necessidades que o contato com o meio provoca. As estruturas exprimiriam assim a própria contextura do organismo e das suas características hereditárias, o que torna inútil qualquer aproximação entre a inteligência e as associações ou hábitos adquiridos sob a influência do meio.
Em quarto lugar, a inteligência pode ser concebida como uma série de ensaios ou tentativas, inspiradas pelas necessidades e pelas implicações que delas resultam, mas selecionadas pelo meio exterior (tal como em biologia as mutações são endógenas, mas a sua adaptação é devida a uma seleção posterior). Esta interpretação pragmática da inteligência seria intermédia entre o empirismo da primeira e o apriorismo da terceira solução.
Por fim e em quinto lugar, podemos conceber a inteligência como o desenvolvimento de uma atividade assimiladora cujas leis funcionais são dadas desde a vida orgânica e cujas estruturas sucessivas que lhe servem de órgãos se elaboram por interação entre ela e o meio exterior.
Entretanto, em se tratando de processos mentais, a assimilação e a acomodação das percepções que num primeiro momento são contrárias, uma vez que a primeira permanece egocêntrica e a segunda é imposta pelo meio exterior, completam-se uma à outra à medida que se diferencia, a coordenação dos esquemas favorece o desenvolvimento da acomodação, e reciprocamente. É assim que desde o plano sensório-motor, a inteligência supõe uma união cada vez mais estreita da experiência com a dedução. É imprescindível que nós professores tenhamos pelo menos noção de como se processa e se desenvolve a inteligência em uma criança, para podermos trabalhar de forma a auxiliá-la na construção de novas aprendizagens ou até mesmo, em casos mais específicos, ser mediadora no processo de reorganização das estruturas cognitivas.
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