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27 de set. de 2009

* ALFABETIZAÇÃO NA EJA_ PAULO FREIRE E MACEDO

Acredito que na prática quando se trata de alfabetização de adultos, os professores mesmo que se intitulem seguidores da metodologia Paulo Freire, na verdade mecanizam a função da decodificação das palavras geradoras. Palavras que deveriam ser fonte de discussões crítico-políticas acabam por limitar-se a símbolos gráficos. Por isso tantas discussões a respeito do desinteresse dos alunos da EJA em ver os estudos como movimento de resgate da cidadania.
Para Paulo Freire a “linguagem e poder estão... entrelaçadas”. É a linguagem instrumento de ação e função do indivíduo para construir sua identidade social. Se esta na escola não for instrumento desta ação, os alunos adultos não vêem a escola com a importância que têm as suas necessidades de sobrevivência. A metodologia de Freire proporciona à educação as condições para a crítica e ação social, no entanto deve ser desenvolvida pelos professores da EJA com compromisso de teoria x prática. Fragmentos da metodologia fazem do sistema de ensino uma continuação da educação exclusiva a qual estes alunos experienciaram toda a vida escolar.
A colega Jaqueline, no fórum da interdisciplina da EJA, coloca seu pensamento de indignação quando descreve a palavra DEVERIA diversas vezes ( ao falar de método de alfabetização de adultos). É uma pena que quando discutimos educação tenhamos que usar termos que não refletem uma realidade animadora. Muito se tem discutido e teorizado ao longo dos séculos. Um exemplo disso é o fato da teoria de Comênio ser tão atual, quase podemos dizer que é pós-construtivistas. Também Freire e Macedo são apontados como instrumentalizadores de uma docência com base na relação teoria x prática, conceituam a alfabetização como competências culturais que determinam ações do educando com o mundo. Significa processar condições onde o indivíduo aprende a situar-se no tempo e espaço, identificando se como membro de um grupo e desencadeando interesses em modificá-lo num exercício de liberdade humana. O texto nos remete a um plano de ação tal a urgência numa metodologia que realmente atenda as necessidades e características do aluno EJA, começo então, a compreender a profundidade e complexidade da função do planejamento em nossa prática docente. Somente um plano de ação bem estruturado, consciente de nossos objetivos, traçado num desenvolvimento de transformações, poderemos vislumbrar reflexos do conceito literal da palavra DEVERIA. Agora como um DEVER e não mais como uma meta não alcançada.
Apoio Giroux quando ele diz que “o professor não pode assumir um papel de intelectual crítico dedicado a uma pedagogia da alfabetização e da voz, a não ser que existam as condições ideológicas e materiais adequados para dar sustentação a este papel”. Poucas vezes vi textos que não deposita no professor uma responsabilidade pelo sucesso da educação como único agente transformador. É bom ler alguém que tem a visão do ponto de vista prático e real da sala de aula. A educação é o que é por que falta esta estrutura para que o professor possa desenvolver seu trabalho com a liberdade de quem vê os resultados contemplados de seus objetivos.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Elisângela!

Tu percebe uma movimentação em tua escola para essa mudança de visão? Fica somente na teoria ou muitos partem também para a prática? Em quais momentos pôde constatar isso? São questões para se pensar...

Abraço. Anice.